Economia

Monitor do PIB aponta retração de 1% na atividade econômica no 1º trimestre

Queda em março é de 5,3% na análise mensal da Fundação Getulio Vargas, o que aponta grande desafio para 2020, uma vez que o impacto do isolamento ainda foi parcial no período

Correio Braziliense
postado em 18/05/2020 16:48
Queda em março é de 5,3% na análise mensal da Fundação Getulio Vargas, o que aponta grande desafio para 2020, uma vez que o impacto do isolamento ainda foi parcial no períodoUm indicador que antecede a divulgação oficial do Produto Interno Bruto, que deve ocorrer em 29 de maio, o Monitor do PIB da Fundação Getulio Vargas (FGV) aponta queda de 1% na atividade econômica no primeiro trimestre do ano, na série dessazonalizada, na comparação com o quarto trimestre de 2019. Na análise mensal, a retração em março foi de 5,3% em relação a fevereiro. Na comparação interanual a economia cresceu 0,3% no primeiro trimestre e caiu 0,9% em março.

“A retração da economia de 1% no primeiro trimestre do ano expõe os enormes desafios que serão enfrentados no âmbito econômico no decorrer de 2020. As medidas de isolamento social só vigoraram por cerca 15 dias de março e já foram suficientes para que a economia apresentasse essa significativa queda”, explicou Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB-FGV.

Segundo ele, a retração de 5,3% registrada em março, em comparação a fevereiro é a maior observada na série histórica do Monitor do PIB, iniciada em 2000. E a tendência é que a queda se acentue nos próximos meses, em decorrência dos efeitos da pandemia de covid-19 na economia. “Passamos do lento ritmo de crescimento observado nos três últimos anos, à acelerada retração, que está apenas no início. A queda de 5,3% de março surpreende pela virulência do valor desazonalizado”, afirmou. 

A taxa ainda é positiva do primeiro trimestre, de 0,3% na comparação interanual, em função dos meses de janeiro e fevereiro, ressaltou Considera. “Chamo atenção para parte de serviços, que vinha crescendo e caiu muito. O consumo das famílias também, com retração de 6,5% em março ante fevereiro”, assinalou. “Também não é estranho o investimento cair em meio à pandemia, sobretudo porque aumentou o hiato de produto (a diferença entre o que tem de capacidade de produção e o que foi efetivamente foi produzido). Essa situação deve piorar”, alertou.

Consumo

No primeiro trimestre, comparado com igual período de 2019, o consumo das famílias cresceu 0,2%. Produtos não duráveis (2,4%) e serviços (0,4%) foram os únicos a crescerem, sendo no caso do consumo de não duráveis explicado, principalmente, pelos produtos alimentícios e os artigos farmacêuticos. A retração no consumo de semiduráveis (-8,5%) foi influenciada pela queda no consumo de vestuários e calçados em geral enquanto a queda no consumo de duráveis (-3,8%) foi devido, em grande parte, ao desempenho do consumo de equipamentos de informática e de veículos em geral.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que representa os investimentos, caiu 0,2% no primeiro trimestre do ano, em comparação ao primeiro trimestre de 2019. A construção foi o único componente da FBCF a crescer neste trimestre. A retração de máquinas e equipamentos (-1,3%) foi influenciada, principalmente, pelas retrações dos segmentos de automóveis em geral e de equipamentos eletrônicos.

Mesmo que o componente da FBCF de construção tenha crescido no 1º trimestre do ano, na comparação interanual, apresentou retração em março, assim como os demais componentes da FBCF como reflexo dos efeitos do isolamento social. Na comparação da série ajustada sazonalmente, o componente que mais retraiu, em comparação a fevereiro foi máquinas e equipamentos com queda de 5,6%, em março.


Saúde pública

Queda em março é de 5,3% na análise mensal da Fundação Getulio Vargas, o que aponta grande desafio para 2020, uma vez que o impacto do isolamento ainda foi parcial no períodoA chegada da pandemia de covid-19 no Brasil, com a adoção das recomendações de isolamento social, tem impactos diretos e indiretos na economia, afetando, praticamente, todas as atividades econômicas. O Monitor do PIB-FGV também avalia como duas das principais atividades econômicas diretamente afetadas (saúde pública e privada) serão impactadas pelo avanço da pandemia no país. Em conjunto essas duas atividades representavam, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 4,3% do PIB em 2017, sendo a saúde pública responsável por 2% e a saúde privada pelos outros 2,3%.

Em março, a atividade de saúde pública, que representa 13% do item Administração Pública,  caiu 2,7%, na comparação interanual. A saúde privada, que representa 15,1% do item Outros Serviços, teve retração de 0,6%, na comparação interanual. Essas quedas de produção da atividade de saúde, tanto pública como privada, estão, provavelmente, associadas ao adiamento de consultas e exames devido ao isolamento social dos 15 últimos dias do mês de março, segundo a FGV.

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