Correio Braziliense
postado em 20/05/2020 04:05
A indústria do petróleo está passando pela maior crise dos últimos 100 anos, com queda na demanda e nos preços internacionais, e o cartel da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) não funciona, senão teria evitado o colapso do setor em 2014. As afirmações são do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, que participou, ontem, de uma videoconferência ao vivo promovida pelo Banco Safra. “Com respeito a Arábia Saudita, sou cético sobre o poder do cartel. Há evidência empírica que isso é ilusório. A maior das evidências foi a guerra de preços com a Rússia”, destacou.
Segundo Castello Branco, ao longo da história da Opep, não houve punição nem compliance. “O grupo não cumpre as metas estabelecidas. A própria Arábia Saudita, após a covid-19, e após o acordo com a Opep+ (o cartel mais alguns produtores aliados), estava vendendo petróleo com desconto”, observou. O comentário foi feito como análise da drástica redução nos preços do produto, que estava sendo provocada pelo cartel antes mesmo da queda brusca na demanda com a chegada da pandemia.
Segundo Castello Branco, a Petrobras ainda tem “sequelas do assalto de que foi vítima”. E, por isso, tem que apostar nos ativos que podem render o máximo retorno. “Existem outros operadores que conseguem extrair performance melhor em alguns ativos Temos um plano de desinvestimento grande, que estamos executando desde o ano passado. Nada mudou, apesar das dificuldades da grave recessão global”, ressaltou.
O presidente da estatal repetiu o que tinha comentado durante o anúncio do prejuízo de R$ 48,5 bilhões da Petrobras no primeiro trimestre de 2020. “Acreditamos que haverá recuperação da economia mundial, mas será lenta, assim como a recuperação da indústria do petróleo. Temos que nos preparar para preços mais baixos”, reformou. As projeções da estatal começam em US$ 25 este ano, reagindo lentamente até se acomodar em US$ 50, em 2025. “O capital está mais escasso e temos que aprovar apenas os projetos que resistam a isso”, acrescentou.
Sobre o prejuízo bilionário da companhia, bem absorvido pelo mercado, Castello Branco afirmou que não houve surpresa nenhuma. “A baixa de ativos foi de US$ 13,2 bilhões. Temos que trabalhar com a realidade. Não queremos trazer informações falsas para o investidor. Não tínhamos obrigação de fazer isso agora, mas o mercado entendeu e valorizou isso”, explicou. (SK)
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