Correio Braziliense
postado em 23/05/2020 04:05
A Argentina entrou em uma nova moratória ontem, a segunda neste século, ao deixar de pagar US$ 500 milhões em juros sobre títulos de uma dívida que pretende renegociar antes de 2 de junho. O ministro da Economia, Martín Guzmán, disse que as negociações com credores privados continuam com a oferta de reestruturação da dívida, mas reconheceu que ainda há “uma distância significativa” para chegar a um acordo.
“Ainda há uma distância significativa a percorrer, mas, mais importante, todos os lados permanecem à mesa para encontrar uma solução”, disse Guzmán à agência oficial Télam. Segundo ele, “as negociações continuam em uma direção que consideramos positiva, com uma crescente compreensão mútua”. Guzmán explicou que o descumprimento do pagamento também faz parte das discussões. “Esperamos que seja tratado no acordo mais amplo que está sendo buscado”, disse.
“Há um reconhecimento compartilhado de que, quanto mais cedo resolvermos o problema insustentável da dívida da Argentina, melhor será para todos os lados e para a estabilidade da região”, disse. Ele também alertou que a resolução da dívida “afetará a vida de milhões de pessoas e, provavelmente, terá efeitos indiretos em toda uma classe de ativos, em um contexto global em que haverá vários países soberanos que enfrentarão situações de superendividamento”.
É a nona vez que a Argentina entra em moratória. A última vez foi em 2001, com um default de mais de US$ 100 bilhões, que desencadeou a pior crise social e econômica do país. Neste caso, contudo, o governo de centro-esquerda de Alberto Fernández deseja chegar a um acordo com os detentores de títulos.
Prorrogação
No final da última quinta-feira, o governo argentino relatou uma prorrogação, até 2 de junho, do prazo para os credores aderirem à sua proposta pelos títulos por cerca de US$ 66 bilhões em dívidas emitidas sob jurisdição estrangeira, prazo que venceu ontem. Guzmán ofereceu aos detentores de títulos uma troca por novos papeis, com um período de carência de três anos sem pagamento, uma retirada de 5,4% do principal e 62% dos juros, mas sua oferta foi rejeitada.
“Durante o último mês, a Argentina praticamente não teve comunicação substancial com seus credores”, assinala um comunicado do grupo Ad Hoc (composto por vários fundos de investimento, incluindo BlackRock ou Fidelity), principal grupo de credores do país. “As perspectivas para a reestruturação da dívida da Argentina provavelmente se tornarão mais complicadas”, indicou Gabriel Torres, gerente sênior da agência de classificação de risco Moody’s.
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