Alessandra Azevedo
postado em 26/05/2020 06:00

A depender da duração da crise, e da necessidade de novas medidas emergenciais, o cenário ainda pode piorar. ;O país precisa estar atento, pois, mesmo com a adoção de eventuais ajustes em 2021, a dívida crescerá mais 4,5% e continuará a crescer nos próximos anos;, alertou o diretor-executivo da IFI, Felipe Salto. Apenas na última semana, a previsão de rombo nas contas públicas para este ano saltou de R$ 706,4 bilhões para R$ 711,4 bilhões, pelos cálculos da instituição.
Já o PIB do país deve despencar 5,2%, com a queda da atividade econômica. A combinação entre crises econômica, social e política, segundo o economista, gera um quadro fiscal ;muito desafiador;. Para conter os prejuízos futuros, Salto reforçou a importância de que as ações que aumentem gastos sejam voltadas apenas ao enfrentamento da covid-19, e não gerem despesas permanentes ; como aquelas com reajustes salariais e contratações, que pressionariam os cofres públicos mesmo depois da pandemia.
Ineficiência
O governo, entretanto, não tem sido eficiente na aplicação do dinheiro destinado a conter os efeitos negativos do novo coronavírus, avalia Salto. Ele acredita que ;falta um comitê central da crise;, que deveria trabalhar 24 horas por dia nessa frente. ;O problema não é só colocar no Orçamento, é executar essas despesas. O que falta é questão de comando e controle;, afirmou.
;A meu ver, não é dinheiro que está faltando;, reforçou. Os gastos são permitidos e necessários, mas nem sempre chegam à ponta, explicou. Só R$ 110,2 bilhões dos R$ 274,2 bilhões de créditos extraordinários autorizados até 21 de maio foram pagos, o equivalente a 40%. Na saúde, 23% dos valores foram liberados.
;O quadro é muito grave, mas não é verdade que não se deva gastar nesse momento;, ressaltou Salto. ;Sim, é o momento de gastar. Mas os gastos têm que ser temporários, porque, senão, o Estado brasileiro não vai aguentar o tranco;, avisou. A partir do ano que vem, a ;lição de casa será exigente;. ;Vai ter que ter aumento das receitas, corte em despesas obrigatórias e a restauração das regras fiscais. Principalmente, no que tange ao teto dos gastos públicos;, afirmou.