Correio Braziliense
postado em 27/05/2020 04:04
Doadores de campanha, sócios de empresas, presidiários e brasileiros que moram no exterior podem ter recebido o auxílio emergencial de R$ 600 de forma irregular. A suspeita de fraude foi admitida ontem pela Controladoria-Geral da União (CGU), que também havia identificado o pagamento do benefício para mais de 73 mil militares e, por isso, deu início a um novo pente-fino na base de dados do auxílio emergencial.
Ministro da CGU, Wagner Rosário revelou que, além da questão dos militares, mais de 160 mil pagamentos suspeitos foram detectados pelo governo. E ele admitiu que esse número pode crescer, já que o governo está fazendo a nova triagem dos mais de 59 milhões de cadastros que foram aprovados para receber os R$ 600.
“Estamos fazendo várias trilhas de verificação. Por exemplo, sócios de empresas que possuem empregados cadastrados e estão recebendo o auxílio. São 74 mil pessoas nessa situação. Proprietários de veículos acima de R$ 60 mil e que recebem o benefício de R$ 600. Pessoas que doaram mais de R$ 10 mil como pessoa física, nas últimas campanhas, e estão recebendo. Só nessa situação, temos 86 mil pessoas. Proprietários de embarcações. Pessoas com domicílio fiscal no exterior e que estão cadastradas para receber o benefício", revelou Rosário.
“Estamos investigando pessoas que estão solicitando o benefício dentro de um mesmo IP ou um mesmo celular, para tentar identificar fraudes. O trabalho está acontecendo em conjunto com o Ministério da Cidadania”, contou Rosário. Na semana passada, a CGU cancelou o pagamento das próximas parcelas dos R$ 600 para 106 pessoas que fraudaram o benefício em Goiás. A maior parte dessas pessoas chegou a ser presa.
O ministro não estimou quanto pode ter sido liberado de forma irregular através dos 160 mil pagamentos que estão sendo investigados. Antes, o governo havia informado que só os 73 mil militares que receberam o auxílio emergencial em abril ficaram com cerca de R$ 43 milhões do programa.
Segundo a Caixa Econômica Federal, mais de R$ 70 bilhões já foram pagos a 56,6 milhões de pessoas por meio do auxílio emergencial. E o número de beneficiários ainda vai crescer. Por isso, ainda ontem, o governo liberou mais R$ 28,7 bilhões para o programa.
O crédito extraordinário foi liberado pela Medida Provisória nº 970 e vai levar o orçamento total do auxílio emergencial para R$ 152,62 bilhões. O custo ainda deve crescer, já que o governo estuda conceder mais uma ou duas parcelas do auxílio emergencial, mesmo que com um valor menor que os R$ 600, para as pessoas que ficaram sem renda durante a pandemia de covid-19.
Durante live, ontem com a consultoria KPMG, o secretário executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, disse que as medidas emergenciais adotadas para o enfrentamento à covid-19 não podem se tornar permanentes. “Não está descartada a prorrogação das medidas. Mas elas não são definitivas. Temos que ter responsabilidade fiscal”, afirmou. (Colaborou Simone Kafruni)
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