Economia

"Sem ajuda, o setor aéreo não sobrevive"

Correio Braziliense
postado em 27/05/2020 04:04
Latam diz que pedido judicial nos EUA não afeta operações no Brasil


Após o anúncio de que o Grupo Latam e suas afiliadas no Chile, Peru, Colômbia, Equador e Estados Unidos pediram recuperação judicial para iniciar um processo de reorganização financeira com base no Capítulo 11 da lei norte-americana sobre o tema, o presidente da companhia no Brasil, Jerome Cadier, garantiu que a medida não afeta as operações no país. Contudo, Cadier ressaltou que, sem ajuda, o setor aéreo não vai sobreviver. O executivo também explicou que o uso do Capítulo 11 da lei dos Estados Unidos, mecanismo utilizado pelo Grupo Latam, é bastante diferente do pedido de recuperação judicial no Brasil. 

Cadier buscou tranquilizar o mercado. “Tenho falado para os colaboradores e parceiros de negócios que, no Brasil, a operação segue normal. Não muda praticamente nada. A empresa continua honrando as passagens, os pontos, as dívidas e os salários. Precisamos de tranquilidade para reestruturar o grupo”, disse. 

O presidente da Latam Brasil destacou que a, com a pandemia de civid-19, a demanda despencou a níveis nunca antes vistos — e que, por isso, a recuperação do setor não virá tão rapidamente. “Aqui, a capacidade de ajudar o setor é muito menor do que nos Estados Unidos e na Europa. Mas, sem ajuda do governo, não tem solução. O setor aéreo não vai sobreviver”, ressaltou. 

Para ajustar a dívida, o Grupo Latam vai reduzir a quantidade de aeronaves e o custo das operações. “E vai começar fazendo isso pelo Chile, onde estão firmados os contratos”, afirmou Jerome Cadier.  Em nota distribuída na manhã de ontem, o grupo garantiu o suporte financeiro de acionistas, incluindo as famílias Cueto e Amaro, que tem um relacionamento próximo e duradouro com a Latam, e a Qatar Airways, para a obtenção de até US$ 900 milhões em um financiamento DIP (debtor-in-possession, em inglês).

“Esses parceiros tem um profundo entendimento da indústria, do grupo e de seus desafios operacionais. O apoio deles demonstra uma crença na Latam, em suas afiliadas e na sustentabilidade do grupo a longo prazo”, diz a nota.

 Ampliação
A notícia da recuperação do Grupo Latam ocorreu logo depois de a companhia ter anunciado o aumento das operações no Brasil. “A ampliação segue em curso, mas é muito tímida porque estamos com operações muito pequenas, por isso percentualmente parece grande”, ponderou Cadier. Atualmente, a Latam está voando entre 5% a 6% do normal. A ideia é ampliar para 8% ou 9% em junho e entre 16% e 17% em julho. 

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de fechar o país para brasileiros e para quem tenha passado pelo Brasil complica ainda mais a situação das companhias aéreas. “Definitivamente, não ajuda o fluxo dos Estados Unidos com Brasil, mas é uma paralisação pontual”, comentou o executivo. “Estávamos voando Guarulhos-Miami três vezes por semana. Agora, vamos suspender esses voos até essa decisão ser repensada”, disse. 


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