O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse, nesta quinta-feira (28/5), que a instituição estava preparada para fazer intervenção maior no mercado de câmbio, mas não foi necessário porque a moeda se acomodou antes disso. Depois de bater em R$ 5,95, a moeda norte-americana fechou o pregão valendo R$ 5,38. “(O câmbio) ainda será uma variável que seguirá volátil, por isso vamos continuar com as atuações que estamos realizando até agora”, afirmou, durante live promovida pelo BTG Pactual.
Roberto Campos Neto ressaltou que as medidas adotadas pelo Banco Central para o enfrentamento da crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus colocou à disposição do mercado R$ 1,3 trilhão, dos quais só foram usados R$ 260 bilhões. “Adotamos três objetivos: dar liquidez ao sistema, garantir o direcionamento para onde houvesse dreno mais relevantes e garantir a estabilidade do mercado”, afirmou.
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Para tranquilizar o mercado, Campos Neto garantiu que existem muitas armas para manter a estabilidade do mercado. “Vamos ajustar os programas que já foram lançados para ter maior alcance. Mas é preciso dizer que, em muitos países, o crédito está caindo e, no Brasil, há expansão do crédito”, afirmou.
Campos Neto ressaltou que é “mito” que os bancos estão empoçando a liquidez. “Conseguimos mapear tudo que é feito em termos de liquidez, onde está sendo alocada. Novas concessões, na parte de empresas, de 16 do março a 15 do maio, foram R$ 541 bilhões em operações. Em novas contratações, R$ 441 bilhões e, em repactuação adicional, R$ 535 bilhões. Não é verdade que bancos não estão fazendo repasses”, destacou.
Como justificativa, o presidente do BC alertou que a demanda por crédito, sobretudo do setor de pequenas empresas, cresceu 300% e que a oferta não consegue acompanhar na mesma velocidade. “Vai ter sempre o sentimento de que não é atendido”, explicou.
Sobre juros, Campos Neto repetiu o que vem dizendo em outras lives, de que há uma discussão sobre manutenção em patamares baixos. “Será que a gente deveria cortar mais e deixar a porta aberta indefinitivamente?”, indagou. “Em algum momento, isso pode ser contraproducente”, acrescentou. A ideia, portanto, é suavizar o ciclo de corte de juros.