Economia

País tem 12,8 milhões de desempregados

Correio Braziliense
postado em 29/05/2020 04:04
A pandemia do novo coronavírus gerou uma série de recordes negativos no mercado de trabalho brasileiro. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação avançou para 12,6% no trimestre encerrado em abril, elevando para 12,8 milhões o número de pessoas que estão sem emprego no país. E essa alta do desemprego ainda foi acompanhada por uma queda inédita da população ocupada, além de números igualmente recordes de subutilização e desalento — situação em que a pessoa desiste de procurar uma vaga por falta de esperança de encontrá-la.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada ontem, a taxa de desemprego era de 11,2% no trimestre móvel encerrado em janeiro. O período trimestral encerrado em abril sofreu o choque dos primeiros 45 dias da pandemia, o que fez 898 mil de pessoas entrarem na fila do desemprego nesse período, em que milhares de estabelecimentos comerciais precisaram fechar as portas para ajudar a reduzir a curva de contágio da covid-19.

“A queda do nível de emprego foi disseminada em praticamente todas as atividades econômicas”, afirmou a analista da Pnad, Adriana Beringuy. De 10 atividades, sete tiveram queda acentuada. “Todos sentiram o baque, sejam empregados com carteira assinada do setor privado (-4,5%), trabalhadores por conta própria (-4,9%) ou sem carteira (-13,2%)”, acrescentou. Trabalhadores informais, que, normalmente, são mais resilientes a situações de crise, também sofreram. Por isso, a taxa de informalidade caiu de 40,7% para 38,8%, levando o contingente de trabalhadores informais para 34,6 milhões de pessoas — o menor nível da série histórica.

O resultado dessa queda generalizada do emprego formal e informal foi um tombo recorde da população ocupada. Segundo o IBGE, a taxa de ocupação caiu de 54,8% para 51,6% da população ativa, chegando ao menor nível da série histórica iniciada em 2012.

Para alguns analistas, essa queda preocupa até que mais que o aumento do desemprego. É que isso significa que 4,9 milhões de pessoas deixaram de trabalhar entre fevereiro e março — volume que ainda não foi totalmente captado pela taxa de desemprego de 12,6% apresentado pela Pnad.

“O aumento do desemprego foi pequeno diante dessa queda da população ocupada, porque as pessoas perderam o emprego, mas não foram procurar trabalho, porque ficaram em casa seguindo as recomendações da quarentena. Se todas elas tivessem buscado emprego, essa taxa já estaria em 15,5%”, avaliou o pesquisador da área de Economia Aplicada do FGV/Ibre Daniel Duque.

É por isso que a Pnad também registrou um aumento inédito na população que está fora da força de trabalho, que cresceu 7,9% chegando a 70,9 milhões de pessoas. Além disso, a pesquisa mostrou que o número de desalentados bateu o recorde de 5 milhões de pessoas, um aumento de 7% em relação ao trimestre anterior. E a subutilização avançou 8,7%, chegando ao nível, também sem precedentes, de 28,7 milhões de pessoas. 

 "A queda da população ocupada teve um efeito importante: a redução de R$ 7,3 bilhões na massa de rendimento, uma vez que, menos pessoas trabalhando, a massa de rendimento circulante na economia também apresenta uma queda acentuada”, acrescentou Adriana Beringuy.

O cenário não deixa boas perspectivas para o mercado de trabalho brasileiro. Economistas já calculam até que a taxa de desemprego ainda pode chegar a 16% ou 18% neste ano. Daniel Duque explica que boa parte dos trabalhadores que hoje estão em quarentena uma hora vai procurar emprego, e novas demissões serão contabilizadas nos próximos meses já que as empresas continuam ajustando seu quadro de pessoal ao novo contexto econômico. (Colaborou Marisa Wanzeller)

“A demissão pegou todos de surpresa. As finanças ficaram no vermelho, eu tinha casamento agendado para o começo de maio e adiei para agosto. Estou fazendo freelancer na área de informática e pretendo começar meu próprio negócio" 
 
 
Fellipe Salazar, 22 anos, técnico em informática

“Eu era operadora de caixa em uma ótica. Fui demitida em março. Estou procurando um novo emprego e não quero continuar na mesma área, embora também não tenha muita escolha. Qualquer coisa que aparecer, a gente vai” 
 
 
Thássia Brito, 25 anos


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