postado em 29/05/2020 14:28
O Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas do país) teve retração de 1,5% no primeiro trimestre de 2020, no confronto com o quarto trimestre de 2019), afetado pela pandemia e pelo distanciamento social causado pelo novo coronavírus. Comparado a igual período de 2019, a variação negativa foi de 0,3%. E no acumulado nos quatro trimestres, encerrados em março de 2020, o PIB subiu 0,9%, comparado aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Já o consumo do governo teve variação positiva de 0,2%, em relação ao trimestre anterior.
Em relação ao primeiro trimestre de 2019, o consumo do governo ficou estável. No acumulado de quatro meses, registrou variação negativa de 0,4%. Em valores atuais, o PIB chegou a R$ 1,803 trilhão. A crise sanitária pela Covid-19 afetou em cheio o Brasil e o mundo, em 2020. O Ministério da Economia já estimou queda total do crescimento econômico em 4,7%. Embora alta, ainda é menor que as expectativas do mercado. O último Boletim Focus do Banco Central apontou que os analistas preveem um tombo de 5,89% do PIB.
Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, afirmou que os números do PIB estão dentro das expectativas. Nas projeções do mercado, a retração do PIB no primeiro trimestre estavam ao redor de -1,4% a -1,8%. Daqui para frente, ele prevê, diante do cenário de crise sanitária, queda de 7% do PIB, com retorno gradual a partir de junho. “Se tivermos uma nova onda, que obrigue ao retorno da quarentena, a contração pode ser pior”. avisa. As despesas do governo, lembra, representam uma parcela importante do PIB e qualquer movimento afeta o desenvolvimento.
“De um lado, políticas expansionistas tendem a aumentar as incertezas e comprimir os gastos privados. Porém, medidas contracionistas são levadas a cabo e o impacto é negativo sobre a atividade. Meu palpite é de que o governo vai adotar uma postura contracionista nos gastos e ajudar a suavizar o retorno da atividade”. O governo tem sinalizado que fará uma política dura no lado das despesas, cortando o que for possível para compensar a perda de arrecadação e o aumento de gastos de saúde e transferências, diz. “Então, as despesas passarão por novos cortes. Já as receitas dependem exclusivamente das decisões de gastos privados, que formam a base de arrecadação”, assinala.
Para Daniela Casabona, sócia-diretora da FB Wealth, a queda de 1,5% do PIB foi pior do que o esperado “se considerarmos que o estouro da pandemia se deu ao fim do trimestre”. “Ainda sim foi forte o suficiente para impactar principalmente serviços e consumo das famílias”, reforça. A economia passará, ainda, por forte retração e o cenário é incerto, afirma. Por outro lado, o governo tende a ter participação determinante para a formação do PIB. “Tem uma arma poderosa para ajudar a melhorar a situação de defict que é a impressão de moeda, porém as ações em defesa contra o vírus têm se mostrado bastante lentas e indecisas”, destaca.
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