Correio Braziliense
postado em 29/05/2020 14:57
Com queda de 1,5% no primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (29/5), trouxe poucas notícias boas. Além da alta de 0,6% da agropecuária, os investimentos subiram 3,1% ante o quarto trimestre de 2019 e 4,3% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado. Apesar de surpreenderem positivamente, os dados da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) não chegaram a empolgar, porque não se manterão em 2020, alertam os especialistas.A alta reflete, basicamente, o investimento em máquinas e equipamentos do setor de óleo e gás, ressaltou Alex Agostini, economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating. “O crescimento foi nos dois primeiros meses do ano. Me surpreendeu, mas faz sentido porque investimento é estoque. Mas esses números vão derreter”, alertou.
Ricardo Jacomassi, sócio da TCP Partners, compartilha da mesma opinião. “No segundo trimestre, isso vai se perder. Ainda é resultado de operações de óleo e gás e das privatizações realizadas no ano passado”,avaliou. Para o economista da XP, Vitor Vidal, a alta da FBCF foi uma das principais surpresas. “Ao contrário da expectativa de queda. Mas, no geral, o PIB foi alinhado com o que o mercado aguardava”, disse.
No entender de Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), o pior impacto será sentido no segundo trimestre. “Houve investimento, resultado dos últimos meses de 2019. Porque, em 2020, a Petrobras cortou 30% do investimento e outras petroleiras vão seguir o mesmo caminho”, afirmou. “O que pode salvar são as exportações, mesmo com o barril entre US$ 34 e US$ 36, porque o principal comprador de óleo é a China e ela deu sinais que partiu na frente na retomada. O Brasil já é o maior exportador de petróleo da América Latina”, disse.
Para a economista Mírian Lavocat, os investimentos poderão surpreender na retomada, se as medidas que estão sendo tomadas no âmbito regulatório forem concretizadas. “Eu conversei com alguns setores, que estavam prevendo números trágicos para abril e foram menos catastróficos do que se esperava, sobretudo na construção civil, que tem muito a ver com investimento. Claro que os números não têm como ser bons, mas inovações legislativas para concessões e privatizações poderão influenciar na hora da retomada”, estimou.
Segundo ela, o Ministério da Infraestrutura manteve o cronograma de concessões. “Se efetivarem todos os projetos que foram encaminhados, teremos uma retomada com investimentos em infraestrutura e construção civil, o que pode gerar muitos empregos”, assinalou.
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