Economia

Brasil agiu rápido pelos vulneráveis

Presidente da Caixa afirma que nenhum país criou e colocou de pé um programa de reposição de renda como o que paga os R$ 600

Correio Braziliense
postado em 30/05/2020 04:04


Nenhum país foi tão rápido quanto o Brasil no socorro financeiro à população mais afetada pela interrupção da renda, efeito do isolamento social provocado pela pandemia da covid-19. Foi o que lembrou Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal, em entrevista ontem ao CB.Poder — uma parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília. Ele lembrou que a “lei (que criou o auxílio emergencial de R$ 600) foi promulgada em 2 de abril. Cinco dias depois, lançamos o aplicativo, que teve, no primeiro dia, 42 milhões de cadastros. Dois dias depois, estávamos pagando 2,5 milhões de brasileiros”. Guimarães reconheceu que houve atropelos, em função da necessidade de atender rapidamente às pessoas, mas, à medida que o programa foi avançando, os problemas estruturais foram sendo mitigados. Confira, a seguir, os principais pontos da entrevista.


A Caixa paga o auxílio emergencial de R$ 600 por meio de celular. 
Como funciona esse aplicativo e como facilita a vida das pessoas?
Realizamos o pagamento da primeira parcela para 59 milhões de brasileiros e, hoje (ontem), da segunda parcela para 50 milhões. Tem cerca de 8,5 milhões que acabamos de pagar a primeira parcela, então a segunda será paga dentro de algumas semanas. Qual é a novidade? Temos um benefício a mais para vocês. Além de poderem comprar em mais de mil sites simplesmente com o cartão de débito, originado no aplicativo do Caixa Tem, também podem ser feitos pagamentos de conta de água, de luz, de gás, de telefone. Outra novidade é a possibilidade do uso pelas maquininhas de cartão.

Em relação às pessoas que não conseguiram fazer o cadastro,
que estão tentando adquirir o 
benefício, como devem proceder?
Cento e seis milhões de pessoas se cadastraram no aplicativo do auxílio emergencial. Desses, 60 milhões foram aprovados, e já foram pagos, e 40 milhões não foram aprovados. E temos dez milhões em análise. Ao redor de cinco milhões pediram pela primeira vez, e cinco milhões que foram negados e estão pedindo novamente. Essa é uma análise feita pelo Dataprev e pelo Ministério da Cidadania. A Caixa origina o aplicativo do auxílio emergencial. As pessoas colocam os dados delas, que são analisados pela Dataprev e pelo Ministério da Cidadania, e volta para a Caixa a informação.
Existem seis pontos que justificam por que o pedido não foi confirmado. É muito comum, por exemplo, dizer que a pessoa está empregada e, muitas vezes, não está mais. Nesse caso, existe um telefone de reclamação na Cidadania, o 121.

As pessoas que estão sendo aprovadas agora vão receber três parcelas de R$ 600? 
Todos receberão três parcelas. Tem até o dia 3 de julho para realizar o cadastro. Então, quem se cadastrar até esta data, e for aprovado, receberá as três parcelas.

E nos casos de exclusões erradas?
A pessoa vai reclamar no número 121. O caso será analisado e pode voltar a receber. Se recebeu sem ter direito, será acionada. Vamos lembrar que essa lei foi promulgada em 2 de abril. Cinco dias depois, lançamos o aplicativo, que teve, no primeiro dia, 42 milhões de cadastros. Dois dias depois, estávamos pagando 2,5 milhões de brasileiros. Então, tudo foi muito rápido, não se fez um programa em nenhum lugar do mundo com essa rapidez. Porque precisa haver equilíbrio entre pagar o mais rápido possível e evitar as aglomerações.

O que fizemos no segundo pagamento foi espaçar mais, porque chegamos a pagar 8 milhões de pessoas, em dinheiro, em um dia só. Agora, calibramos para pagar 2,5 milhões, fizemos depósitos em várias contas — então, em cinco dias, pagamos 7,5 milhões.

Esse pagamento de todo Brasil para a parcela mais carente é um orgulho. Estamos fazendo o maior programa de inserção social, inserção digital, inserção financeira da história, que vai além desses três meses porque 30 milhões de brasileiros nunca tiveram uma conta em banco — e quando precisavam pegar dinheiro, pagavam 20% (de juros) ao mês. Agora está na nossa base (de dados) e vamos oferecer a quem pedir um crédito a 1,5% ao mês, dez vezes menos.

Com essa base vai ser possível montar um programa social
muito mais abrangente do que o Bolsa Família, por exemplo?
Sim. Primeiro ponto é que todos os programas sociais que a Caixa paga, queremos que seja por meio dessas contas digitais.

O pagamento em dinheiro vai começar agora?
A partir de amanhã (hoje), os nascidos em janeiro poderão sacar nas agências e lotéricas. A novidade é essa: o dinheiro já está na conta. Mas, amanhã, quem nasceu em janeiro pode sacar. Quem tem conta no Banco do Brasil e não gastou pode sacar. Nos próximos 12 dias pagaremos mais 31 milhões de pessoas.

Já vimos que, ontem (quinta-feira), 2,1 milhões de pessoas fizeram compras na internet ou pagaram contas. As pessoas que têm mais familiaridade com tecnologia estão gastando. Acreditamos que, com a liberação das máquinas de cartão, mais gente ainda vai fazer compras ao vivo.

E quando o banco acaba pegando o dinheiro do auxílio
para pagar o cheque especial, por exemplo?
No auxílio é proibido. Qualquer pessoa que tenha esse problema, peço que informe, não só à Caixa. Nenhum banco pode pegar esse dinheiro do auxílio para pagar nenhum tipo de crédito. Seja cheque especial, cartão de crédito, consignado. Esse é um dinheiro específico para esse momento de crise.

Como ficou a situação dos militares, denunciados
pelo Correio, que 
receberiam irregularmente?
Qualquer pessoa que tenha uma ilegalidade será analisada pela Dataprev e pelo Ministério da Cidadania. O benefício será cancelado e terá que devolver o que pegou. Vale para qualquer um e é algo muito claro. Para a segunda parcela, qualquer um que tenha sido considerado irregular não vai receber. Não vai receber a segunda e vai devolver a primeira — quem quer que seja.

A situação deve se prorrogar por mais que três meses.
Como ficará isso? Que valor tem que ser para atender às pessoas?
Do ponto de vista da Caixa, temos total tranquilidade, em especial porque já encontramos uma forma de pagar com a menor fila possível. Mais do que isso, a cada dia o aplicativo está mais eficiente e as pessoas mais acostumadas, indo menos às agências. A pessoa vai receber e não tem que ir mais à agência. Várias pessoas estão utilizando a internet e o celular. Em vez de ir à agência para pegar o dinheiro, e fazer compra, agora vai direto ao supermercado. Com isso, temos a tranquilidade de reduzir as filas. Nosso objetivo sempre é reduzi-las.
 
 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags