Pequenos empresários não têm acesso a crédito
Os bancos anunciaram linhas de crédito para socorrer pequenos e médios empresários na crise do coronavírus, mas não tem sido fácil conseguir os recursos. De acordo com um estudo do Sebrae e da Fundação Getulio Vargas (FGV), 86% dos empreendedores que buscaram empréstimos tiveram seus pedidos negados. Empresários relatam as dificuldades impostas pelas instituições. “Procurei três bancos e cada um veio com uma história diferente”, diz Marco Borotini, dono de uma rede de lavanderias. “O primeiro queria meu imóvel como garantia, o segundo cobrou juros que considerei abusivos e o terceiro está há um mês analisando o pedido. Dinheiro que é bom, nada.”
Na semana passada, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, afirmou que as críticas são injustificadas: “Um mito disseminado é que os bancos estão empoçando tudo, não estão emprestando. Isso não é verdade”. Campos Neto argumenta que há crédito disponível, mas a dura realidade é que os pequenos empresários continuam de mãos vazias.
Aluguel de carros desaba 90%
Poucos setores foram tão afetados pela crise do coronavírus quanto o de aluguel de carros. Segundo a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), as locações diárias caíram 90% desde o início da pandemia. Já o aluguel para motoristas de aplicativos recuou 80%. Pior para as pequenas locadoras, que estão paradas há 70 dias. Para sobreviver, muitas delas venderam parte de suas frotas. Mas até as grandes sofrem: nos Estados Unidos, a Hertz entrou com pedido de recuperação judicial.
Bolsa de Nova York reabre pregão físico
A Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) voltou a ter pregões físicos. A sala de negociações fechou em 23 de março – pela primeira vez em 200 anos – por causa do agravamento da pandemia nos Estados Unidos. Agora o movimento frenético dos operadores trocando preços de ações será retomado. A NYSE é um caso único no mundo, um símbolo de resistência à nova era. Não é de hoje que os pregões eletrônicos dominam os mercados globais. Em São Paulo, a antiga Bovespa deixou de ter pregão físico em 2005.
Piora da imagem do Brasil afeta negócios
A instabilidade política, a crise entre os Poderes e o avanço do coronavírus afetam a imagem do Brasil no exterior. Não à toa, em 2020 os investidores estrangeiros retiraram R$ 77 bilhões da B3, a Bolsa de Valores de São Paulo. Até o agronegócio, setor que continua a gerar bons resultados, teme a piora da reputação do país no cenário internacional, o que se deve também ao crescente desmatamento da Amazônia. Na Europa, há movimentos que pregam o boicote a produtos brasileiros.
Rapidinhas
» A expectativa de privatização da Sabesp, estatal paulista de saneamento, fez disparar o preço das ações da companhia. Em maio, elas subiram 35,53%. É a maior alta da Bolsa, à frente de Via Varejo (35,08%) e Braskem (31,22%). No campo oposto está a resseguradora IRB Brasil. As práticas contábeis duvidosas levaram os papéis para uma queda de 18,79%.
» O mercado acionário brasileiro não para de surpreender. Até pouco tempo atrás, o Ibovespa, o principal índice da Bolsa, tinha o pior desempenho do mundo em 2020. Agora o jogo virou. Em maio, subiu 8,57%, mais do que bitcoin (6,32%) e tesouro prefixado (4,50%). O dólar foi o pior investimento, com queda de 1,83%.
» A demanda por gasolina e etanol, um termômetro importante da retomada, começa a emitir bons sinais. No início de maio, período mais severo da crise, o volume média diário de combustíveis vendidos caiu 65% na comparação com o movimento tradicional. Na semana passada, o percentual estava em 50%.
» Pela primeira vez em 134 anos, o carvão deixou de ser a principal fonte energética dos Estados Unidos. Em 2019, as modalidades renováveis (eólica, solar e hidrelétrica) assumiram a liderança, segundo dados da EIA, agência americana de energia. A mudança representa um marco para os defensores de fontes limpas de eletricidade.
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