Correio Braziliense
postado em 01/06/2020 08:27
A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) revisou sua estimativa de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária em 2020 de alta entre 3,5% e 4% para avanço de 2,5%, segundo o coordenador do Núcleo Econômico da Confederação, Renato Conchon. "A revisão deve-se aos efeitos climáticos adversos que prejudicaram a produtividade de soja, milho e milho safrinha e aos impactos do novo coronavírus na cadeia agropecuária, com as medidas de isolamento social adotadas para controle da doença", afirmou Conchon ao Broadcast Agro.Para o PIB geral do País, a CNA espera recuo de 5,8% no ano, com viés de baixa. Se confirmadas as projeções, a participação do agronegócio no PIB nacional deve passar de 21,4% em 2019 para 23,6% ao fim deste ano, estima a CNA.
Na análise de Conchon, mesmo que apresente maior resiliência na comparação com outros setores, a agropecuária não deve passar ilesa dos reflexos econômicos da covid-19. "O setor, geralmente, apresenta efeito retardados da crise. Agora, estamos acompanhando com preocupação o preparo da safra 2020/21", considerou o coordenador. Ele explicou que o receio do setor é principalmente com os produtores que ainda não adquiriram pacote tecnológico para a próxima safra. "Quem adquiriu em janeiro, comprou os insumos com dólar em R$ 4,40. Agora, o dólar está no patamar de R$ 5,40, o que vai corroer a rentabilidade do produtor e fazer com que opte por um pacote tecnológico menor", explicou Conchon. Isso pode se refletir na produtividade da safra e, consequentemente, na produção agropecuária geral.
Quanto ao primeiro trimestre deste ano, a CNA avalia o desempenho da agropecuária como "satisfatório". Os destaques positivos, considera Conchon, foram o aumento de produtividade na soja e no arroz, enquanto a queda no rendimento do milho pesou sobre o resultado. Já a pecuária não contribuiu para o crescimento, analisa o coordenador. "O desempenho da pecuária veio abaixo do que estava sendo observado, em virtude da sazonalidade do consumo, da menor importação da China no início do ano e do impacto do fechamento de restaurantes na cadeia de pescados", aponta.
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