Economia

Juros baixos levam a buscar risco

Correio Braziliense
postado em 08/06/2020 04:13
A queda sem precedentes na taxa de juros é o principal motivo da procura por investimentos mais ousados e de maior risco, segundo Guilherme de Macêdo, professor de economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A rentabilidade da poupança é baixíssima e a sucessão de cortes dos juros atingiu em cheio quem tinha investimento em renda fixa. “Pessoas que tinham títulos do Tesouro e Certificados de Depósitos Bancários (CDB) estavam acostumadas com juros de 8% ao ano. Como a taxa caiu muito, tem que buscar ativos de maior risco”, conta.

O economista afirma que a queda no preço das ações atrai mais investidores, porque é possível adquirir mais papéis. No pior momento da crise, em março, o índice Ibovespa chegou a 62 mil pontos. Agora está acima de 90 mil pontos. “Esse movimento vai continuar por um tempo, porque os juros vão seguir baixos. Investidores vão buscar mais risco para rentabilizar”, pontua Macêdo.

Apesar de acreditar que a queda de juros seja um grande motivo para o aumento de pessoas físicas na Bolsa, Guilherme Macêdo avalia que não é o único fator. Para ele, o crescimento de plataformas digitais, que facilitam a escolha de investimentos, deve ser levado em conta. “A internet, o maior número de ferramentas e bancos digitais, que auxiliam os usuários, além da educação financeira, colaboram”, completa.

Para Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos, apesar de contribuírem, os juros baixos não estão entre os motivos principais para o fenômeno. “Há uma mudança de comportamento na sociedade brasileira no que diz respeito ao consumo e ao hábito de guardar dinheiro”, diz. Poupar não era o forte há 30, 40 anos. “Os filhos dessa geração sabem que precisam de estratégias diferentes.”

A economista diz não acreditar que o número de pessoas físicas na Bolsa seja um fator determinante na recuperação econômica. “A crise é muito recente e o número de investidores ainda não é grande em relação à população. Mas há crescimento da consciência financeira. Com a crise, muitas pessoas aprenderam a importância de ter uma reserva de emergência”, avalia. (IM)


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