Correio Braziliense
postado em 10/06/2020 12:23
A reabertura gradual das atividades econômicas da Ásia e da Europa já impacta positivamente as condições da economia mundial. Pesquisa divulgada nesta quarta-feira (10/06) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) explica que, depois de registrarem três quedas consecutivas em meio à pandemia do novo coronavírus, os barômetros econômicos globais deram um primeiro sinal de reação neste mês de junho. A FGV destaca, porém, que essa melhora econômica ainda não chegou às Américas, já que a covid-19 segue se alastrando pelos Estados Unidos e pelo Brasil. E lembra que esse movimento pode voltar para o campo negativo caso haja uma segunda onda de contágio do novo coronavírus pelo mundo, como também alertou a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Os barômetros econômicos globais são medidos pela FGV e pelo Instituto Econômico Suíço KOF e apresentam o clima do desenvolvimento econômico global. Com a pandemia do novo coronavírus, esses indicadores entraram, portanto, em um movimento recessivo. O Barômetro Coincidente, que reflete o estado atual da atividade econômica, por exemplo, saiu dos 88,6 pontos para 45 pontos entre janeiro e maio deste ano. Já o Barômetro Antecedente, que indica as expectativas para a atividade econômica nos próximos seis meses, caiu de 100,8 pontos para apenas 43,6 pontos nesse período.
Os dois indicadores chegaram, então, ao menor nível da história no mês passado por conta da crise econômica que a covid-19 instalou em todo o mundo. Porém, agora em junho, ensaiaram uma leve recuperação. Segundo informaram nesta quarta-feira (10/06) a FGV e o Instituto Econômico Suíço KOF, esses indicadores subiram para 49,8 e 50,2 pontos em junho, respectivamente, diante da retomada gradual das atividades dos mercados asiáticos e europeus, que foram os primeiros afetados pela covid-19.
"Os indicadores mostram a perspectiva de início da retomada econômica, principalmente na abertura regional da Ásia e da Europa. [...] Com a reabertura gradual dessas regiões, a percepção é de que o pior ficou para trás", explicou o coordenador da pesquisa na FGV, Paulo Picchetti, lembrando que o mercado financeiro já vinha apontando para uma melhora das expectativas em relação à economia mundial nas últimas semanas, por meio da recuperação de bolsas de todo o mundo, o que ajudou até a minimizar a alta do dólar no Brasil.
A FGV acredita, então, que "o tímido movimento de junho pode sinalizar a entrada da economia mundial numa fase de gradual recuperação". Porém, reconhece que esse movimento de retomada ainda está rodeado de incertezas.
"Os indicadores mostram que houve uma mudança de expectativas, mas ainda há uma incerteza grande em relação ao ritmo dessa retomada. Dizer que o pior ficou para trás não significa dizer que vamos retomar o mesmo ritmo de antes. Até porque os indicadores ainda estão em níveis muito baixos, os consumidores seguem cautelosos e ninguém tem certeza de que essa abertura gradual das atividades não vai gerar uma nova onda da pandemia", admitiu Picchetti.
Ainda nesta quarta-feira, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) fez um alerta sobre o risco de uma nova onda de contágio do coronavírus, caso essa retomada econômica não ocorra da forma adequada. Segundo a OCDE, um repique da pandemia pode elevar de 6% para 7,6% a queda da economia mundial neste ano. No Brasil, essa situação poderia aumentar de 7,4%para 9,1% o baque do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020.
Regional
O Brasil, por sinal, ainda não sente toda essa melhora dos barômetros econômicos globais. É que o Hemisfério Ocidental, região que reflete a atividade econômica da América do Norte, do Caribe e da América Latina, não acompanhou o movimento de recuperação que foi registrado na Ásia e na Europa e que já chega até à África. Segundo a FGV, o Barômetro Coincidente avançou 8,7 pontos no mundo como um todo e 2,9 pontos só na Europa em junho, mas continuou em queda por aqui. O baque foi de 3,3 pontos no Hemisfério Ocidental.
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