O mercado financeiro começa o dia de hoje com o pé no freio. É que uma nova onda de pessimismo sobre a recuperação da economia mundial tomou conta dos mercados, ontem, derrubando as Bolsas dos Estados Unidos e da Europa. E a Bolsa de Valores de São Paulo não deve escapar desse mau humor, mesmo tendo ficado fechada ontem, devido ao feriado de Corpus Christi. Prova disso é que os índices que representam os ativos brasileiros em Nova York caíram cerca de 8%.
O EWZ, índice que replica o Ibovespa na Bolsa de Nova York, levou um tombo de 7,84% no pregão de ontem. E o Brazil Titans 20, que reúne os principais ativos brasileiros negociados em Wall Street, recuou 8,71%, puxado pela queda de ações como as da Petrobras (-7,52%) e da Vale (-6,99%), que ainda devem ser afetadas pelo recuo dos preços internacionais do petróleo e do minério de ferro hoje. Por isso, assim que reabrir hoje, a Bolsa de Valores de São Paulo vai ter que precificar esse movimento.
“Como aqui foi feriado, o mercado vai abrir corrigindo esse dia. Vai ter um dólar muito forte e uma Bolsa muito fraca”, alertou o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jeferson Laatus. “A percepção de risco global subiu bastante e isso vai afetar aqui. Se o mercado lá de fora não melhorar até a reabertura, a queda vai ser muito forte”, acrescentou o economista-Chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira.
Os analistas ainda admitem que, aparentemente, não há nenhum indicador capaz de reverter esse movimento de quedas previsto para hoje. Por isso, dizem que esse tombo de, aproximadamente, 8% pode ficar até um pouco maior por conta da alta prevista para o dólar. Silveira, por exemplo, não descarta um novo circuit breaker — mecanismo que interrompe por 30 minutos os negócios na Bolsa quando o Ibovespa cai mais que 10% e que não é acionado desde o início da pandemia de covid-19.
Resultados
A queda da B3, porém, não será isolada. Ontem, o índice Dow Jones caiu 6,9%; o S&P 500, -5,89%; e o Nasdaq -5,27%, no terceiro dia de queda consecutivo das Bolsas americanas. Na Europa, já foi o quarto dia seguido de perdas. O tombo foi de 4,1% no Índice Stoxx Europe 600; -3,99% no FTSE, do Reino Unido; -4,47% no DAX, da Alemanha; -4,71% no CAC 40, da França; e -4,81% no FTSE MIB, da Itália. E os preços do petróleo acompanharam esse movimento, caindo cerca de 8%.
“Foi um dia de vendas desenfreadas nos mercados. E o causador disso foi a fala do Fed (Federal Reserve) de que, apesar de já ter colocado todas as ferramentas do banco central americano à disposição para tentar conter o impacto econômico da pandemia, nem mesmo isso pode adiantar caso não se resolva a pandemia”, afirmou Laatus.
Na última quarta-feira, o Fed decidiu manter a taxa de juros dos Estados Unidos entre 0% e 0,25% e informou que, ao contrário do que esperava o mercado, essa taxa pode ser mantida ao longo de todo o próximo ano, já que a retomada econômica do pós-pandemia deve ter um “longo caminho”. E essa percepção de que a crise vai ser maior do que se esperava só piorou, ontem, com os dados do desemprego e da própria covid-19 nos Estados Unidos. Mais 1,542 milhão de americanos pediram o seguro-desemprego na primeira semana de junho. E os casos confirmados de coronavírus voltaram a subir ontem, passando dos 2 milhões, reacendendo o temor de que a reabertura gradual da economia provoque uma segunda onda de infecções. (MB)
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