Correio Braziliense
postado em 13/06/2020 04:13
Na volta do feriado de Corpus Christi, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) registrou mais uma queda. O índice Ibovespa, indicador do comportamento das ações mais negociadas, encerrou o pregão de sexta-feira com recuo de 2%, aos 92.795 pontos. No mercado de câmbio, o dólar subiu 2,18%, vendido a R$ 5,04 no fechamento. Os resultados refletiram o nervosismo que tomou conta dos mercados internacionais, desde a quinta-feira, diante do temor de que uma segunda onda de casos de covid-19 se alastre pelos Estados Unidos.
Na noite de quarta-feira, a mídia norte-americana noticiou um aumento expressivo nos registros de infectados em estados que reabriram o comércio. Isso fez com que as bolsas por lá despencassem. O fundo brasileiro iShares (EWZ) — o Ibovespa medido em dólares — caiu 7,84% na quinta-feira, dia em que a B3 estava fechada por causa do feriado local. Segundo Rodrigo Moliterno, economista e sócio da Veedha Investimentos, isso fez com que o impacto não fosse seriamente sentido na Bolsa brasileira.
“A gente não sofreu tanto porque era feriado. De certa forma, foi sorte, por ter sido um susto. Depois, o mercado deu uma melhorada e isso foi digerido. Como estivemos fechados na quinta, apenas corrigimos com o EWZ e passamos a acompanhar o movimento das bolsas internacionais. De forma geral, é uma realização saudável para o mercado reprocessar todos os movimentos, mas acredito que a gente ainda deva, gradativamente, buscar patamares mais elevados daqui pra frente, caso não haja explosão no número de infectados”, afirmou.
Ontem, o nervosismo diminuiu em Wall Street, e os principais índices do mercado acionário fecharam em terreno positivo: O Dow Jones teve ganho de 1,90%e o S&P 500 avançou 1,31%. O cenário foi influenciado por comentários do secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin. Ele afirmou que, apesar do aumento de casos de covid-19 nos EUA, a economia do país deve permanecer aberta e que o governo estuda uma nova injeção de dinheiro no mercado — o que foi visto com alívio por investidores.
Moliterno avalia, ainda, que no câmbio, o movimento de valorização do dólar frente ao real também foi causado pelo receio de um novo aumento de infectados por covid-19. “A alta da moeda norte-americana reflete justamente o aumento da percepção de risco. Enquanto tivermos esse cenário, o dólar tende a ficar volátil. Não vejo a moeda se depreciando para R$ 4,20 ou R$ 4,30. Nosso câmbio deve continuar oscilando entre R$ 4,80 e R$ 5,20. À medida que as coisas melhorem, aí o dólar deve recuar”, completou.
No cenário doméstico, o dia teve, ainda, a divulgação da rodada de junho da pesquisa XP Ipespe, da XP Investimentos. A sondagem apontou que 48% dos entrevistados consideram pouca ou muito pouca a chance de manter o emprego nos próximos seis meses. A visão sobre os rumos da economia também foi questionada: 53% acreditam que ela está no caminho errado e 29% creem no oposto. Outros 18% não souberam ou não responderam.
*Estagiário sob a supervisão de Odail Figueiredo
PIB britânico recua 20%
O Reino Unido divulgou, ontem, os números do Produto Interno Bruto relativos a abril, com queda recorde. Segundo o Gabinete Nacional de Estatísticas (ONS), o PIB britânico sofreu uma retração de 20,4% no mês, depois de já haver recuado 5,4% no mês anterior. Abril foi o primeiro mês em que a economia britânica permaneceu totalmente fechada por conta das medidas de isolamento voltadas a combater a pandemia do novo coronavírus. O resultado foi o dobro do tombo acumulado no primeiro trimestre (10,4%).
Este é o pior desempenho da série histórica que começou em 1997 e, na prática, anula 18 anos de crescimento econômico. Espera-se que a redução de abril tenha sido o fundo do poço, uma vez que, ainda em maio, houve flexibilização de parte do setor produtivo. Para Rodrigo Moliterno, sócio da Veedha Investimentos, é um resultado assustador, porém, esperado.
“Agora que fechou o trimestre, as economias divulgarão os PIBs, e essa é a tendência. Obviamente, o Reino Unido, talvez até por causa da questão do Brexit, pode ter tido uma potencialização nesse recuo. Todo o mundo está atento, mas sabe que virão quedas grandes. É de assustar? Sim. Mas estava precificado”, afirmou o economista. (IM)
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