Correio Braziliense
postado em 14/06/2020 04:22
Levar a Selic à nova mínima histórica de 2,25% ao ano é necessário porque os juros baixos podem estimular a realização de novos investimentos no pós-pandemia, reativando, assim, a economia e o consumo brasileiro. Porém, os especialistas também admitem que esse movimento pode demorar a ser sentido de fato pelas empresas e pelos consumidores brasileiros, por conta do spread bancário. Por isso, a recomendação ainda é de cautela.
Levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostra que as taxas de juros reais vêm caindo nos últimos meses, já que a Selic está diminuindo e o governo lançou linhas de financiamento subsidiadas para tentar conter os estragos da pandemia nas empresas brasileiras. Porém, ainda assim, estão longe da Selic. Em maio, por exemplo, quando a taxa básica de juros caiu de 3,75% para 3% ao ano, a taxa de juros média da pessoa jurídica caiu de 3,10% para 3,06% ao mês, o que representa 43,58% ao ano. Já a taxa média da pessoa física passou de 5,73% para 5,69% ao mês. Os juros médios cobrados às famílias brasileiras, portanto, ainda são de 94,27% ao ano, segundo a Anefac.
“Esse ambiente de queda da Selic favoreceria os bancos a repassarem a nova redução dos juros para os consumidores. Porém, por outro lado, também estamos em um ambiente de risco muito grande, com empresas quebrando e consumidores perdendo o emprego. Por isso, a tendência também é de alta de inadimplência. E os bancos levam isso muito em conta nas suas análises de risco. E podem não reduzir os juros e talvez até subir as taxas neste momento”, afirmou o diretor da Anefac, Miguel Oliveira, lembrando que o alto custo dos juros encontrado nos bancos tem sido, por sinal, uma queixa frequente entre as pequenas empresas brasileiras que têm tido dificuldade de obter crédito na pandemia.
Por conta disso e por conta das incertezas que ainda rondam a economia, a recomendação ainda é de cautela para os consumidores. “Por mais que a Selic menor possa reduzir o custo de um financiamento, em um momento de crise como esse, é recomendável ter muita cautela acerca das suas decisões de consumo, porque o desemprego vem aumentando muito e ninguém sabe ainda como será a retomada econômica”, alertou o educador financeiro Arthur Lemos. Segundo ele, os consumidores só devem aproveitar esse novo cenário de juros para tomar empréstimos caso já estejam preparados para assumir essa dívida ou caso tenham certeza de que não vão perder renda nos próximos meses. (MB)
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.