Correio Braziliense
postado em 15/06/2020 19:05
Os mercados globais abriram com temor da segunda onda de contaminação pelo novo coronavírus, mas se recuperaram após a intervenção do banco central norte-americano Federal Reserve (Fed), que anunciou compra de títulos de dívidas de empresas privadas. O Brasil acompanhou os pregões mundiais nesta segunda-feira (15/6). Principal índice de lucratividade da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), o Ibovespa caiu 3% na mínima do dia, mas reduziu as perdas ao longo do dia e fechou com queda de 0,45% a 92.376 pontos. O dólar subiu 1,84% cotado em R$ 5,14. No cenário doméstico, o anúncio de Bruno Funchal como novo secretário do Tesouro Nacional (STN) e as ações da Cielo, que dispararam 14% com a parceria anunciada com Whatsapp, ajudaram a recompor a redução inicial.
Para Davi Lélis, assessor da Valor Investimentos, o mercado brasileiro está sempre dividido entre a influência do externo e do interno. “Antes era mais descolado, porém, agora, o que ocorre lá fora afeta muito aqui também”, disse. Além disso, segundo Lélis, na segunda-feira há um acúmulo das expectativas do fim de semana, que impactam na abertura do pregão. “Como houve, novos casos em Pequim e aumento de contaminação nos 20 estados norte-americanos que reabriram suas economias, o mercado global abriu com temor de nova segunda onda”, explicou.
Com isso, as bolsas asiáticas fecharam quase na totalidade em quedas entre 1% e 2%, o que contaminou a Europa. Os principais índices europeus também recuaram, entre 0,70% e 0,32%. Segundo Gustavo Bertotti, head de renda variável da Messem Investimentos, o clima de otimismo das últimas semanas se descolou da realidade. “O segundo trimestre vai materializar o efeito da pandemia, mas o mercado financeiro não vinha absorvendo isso. Até a semana passada”, avaliou.
O feriado da quinta-feira no Brasil segurou o impacto na bolsa brasileira. “Os ativos caíram muito, com as nossas ADRs despencando. Mas a perda foi amenizada na sexta-feira, quando a B3 reabriu”, analisou. O temor da segunda onda, de acordo com o especialista, fez o Fed interferir para evitar o pior. “Ao anunciar a compra de títulos, coloca liquidez e anima o mercado”, explicou.
Lélis lembrou que outro fator influenciou a recuperação. “Os Estados Unidos, que não permitiriam a participação da chinesa Huawei na implantação do 5G, mudaram de ideia. Mostra uma trégua na guerra comercial entre os dois países”, ressaltou.
Saiba Mais
Cenário interno
No quadro doméstico, a confirmação de Bruno Funchal na STN reduziu as perdas, segundo Bertotti. “O mercado colocava em dúvida, mas absorveu bem a notícia, porque Bruno tem currículo”, assinalou. Para Lélis, a entrada de Funchal dá um sinal de continuidade. “A parceria da Cielo com o Whatsapp para pagamento via aplicativo também ajudou. As ações dispararam 34% na máxima e fecharam em 14%”, disse o assessor da Valor Investimentos.
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