Nem as vendas de produtos essenciais como alimentos e remédios escaparam da crise do novo coronavírus. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), todas as dez atividades do varejo brasileiro ficaram no vermelho em abril deste ano. Por isso, o setor teve o pior resultado dos últimos 20 anos no mês: o comércio varejista recuou 16,8% frente a março e o comércio varejista ampliado contraiu mais 17,5%.
O resultado da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) foi divulgado nesta terça-feira (16/6) pelo IBGE e reflete o impacto da pandemia de coronavírus no varejo brasileiro. Afinal, abril representou o primeiro mês completo de isolamento social no Brasil: a maior parte do comércio brasileiro passou o mês inteiro de portas fechadas e os consumidores estavam em casa, muitos com medo de perder o emprego e, por isso, com medo de se endividar na quarentena.
Por conta disso, abril só aprofundou a queda de consumo observada no início do isolamento, levando o varejo brasileiro ao pior desempenho da história. "O patamar de vendas chegou ao seu ponto mais baixo, registrando os maiores distanciamentos dos recordes históricos, tanto para o comércio varejista (22,7% abaixo do nível recorde, em outubro de 2014) quanto para o comércio varejista ampliado (34,1% abaixo do recorde, em agosto de 2012)", informou o IBGE.
Varejo
As vendas do varejo, que já haviam caído 2,5% em março, desabaram mais 16,8% em março. E esse recuo foi influenciado negativamente por todas as atividades varejistas - diferente do que ocorreu no início da quarentena, quando a venda de produtos essenciais cresceu e ajudou a conter o tombo do setor.
Segundo o IBGE, o maior recuo de abril foi das vendas de tecidos, vestuários e calçados (-60,6%), mas também observadas quedas relevantes no comércio de livros, jornais, revistas e papelaria (-43,4%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-29,5%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-29,5%), móveis e eletrodomésticos (-20,1%).
Até os produtos considerados essenciais pelos brasileiros foram consumidos em menor volume. Os combustíveis, que já haviam recuado 11,2% em março, por exemplo, caíram mais 15,1%. E a venda de artigos farmacêuticos e de alimentos, que chegou a crescer em março, com os brasileiros querendo reforçar a despensa de casa para a quarentena, agora também caiu. A venda de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, que subiu 1,4% em março, desabou 17,0% em abril. E a venda de alimentos e bebidas dos supermercados, que havia disparado 14,2% em março, agora praticamente se acomodou, com um recuo de 11,8%.
Segundo o IBGE, foi só a terceira vez em 20 anos em que todas essas atividades fecharam o mês com o resultado negativo. “Em março, podemos imaginar o cenário em que essas atividades essenciais absorveram um pouco das vendas das outras atividades que tinham caído muito, mas nesse mês isso não foi possível. Tivemos também uma redução da massa salarial que, entre o trimestre encerrado em março para o encerrado em abril, caiu 3,3%, algo em torno de R$ 7 bilhões. Isso também refletiu nessas atividades consideradas essenciais”, explicou o gerente da PMC, Cristiano Santos.
Varejo ampliado
Já o varejo ampliado, que também considera as vendas de veículos, motos, partes e peças e de materiais de construção, recuou 17,5% em abril. O recuo é ainda maior que os 13,7% observados em março e novamente foi puxado pela queda das vendas de veículos. Segundo o IBGE, a atividade, que já havia recuado 36,7% em março, encolheu mais 36,2% em abril. Já as vendas de materiais de construção conseguiram encolheram 1,8%, depois do tombo de 17,3% de março.
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