O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta terça-feira (16/6) que a democracia brasileira já viajou pela extrema-esquerda e hoje está "indo até a direita mais extrema". Ele garantiu, por sua vez, que não vê no atual momento da política brasileira uma ameaça às instituições democráticas.
"Não compartilho do pessimismo de quem olha para isso e teme o caos, acha que o Brasil vai se incendiar a qualquer momento. Meu acompanhamento da história brasileira é outro. Meu acompanhamento é que a democracia está cada vez mais robusta e mais flexível. Ela tinha viajado por todo o espectro da esquerda, até a extrema esquerda. Agora, viajou pelo espectro do centro-direita, está indo até a direita mais extrema", afirmou Paulo Guedes, durante em webinar promovido pelo Instituto de Garantias Penais (IGP).
O ministro reconheceu, por sua vez, que o Brasil enfrenta crises políticas "a toda hora". Mas logo acrescentou que a democracia brasileira "tem capacidade de absorver esses choques" e que os "ruídos" que têm sido vistos entre os Poderes são naturais. Para Guedes, esses são os ruídos de uma "democracia vibrante e barulhenta", em que um poder "pisa no pé" e "empurra" o outro para demarcar os seus territórios.
"Temos um processo de aperfeiçoamento institucional de décadas e estamos melhorando, definindo os territórios de cada um. Essas crises que se vê toda hora entre os Poderes são o ruído de uma democracia vibrante. [...] Os ruídos são naturais. Eu prefiro os ruídos de uma democracia do que o silêncio de uma ditadura", sublinhou.
Apesar da defesa do governo de Jair Bolsonaro, Guedes tentou apaziguar os ânimos com os demais poderes pelo lado econômico. Ele afirmou que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), sobretudo o presidente da Corte, o ministro Dias Toffoli, têm atuado com "senso de justiça" nas pautas econômicas, ajudando a evitar cobranças irresponsáveis fiscalmente da União. E lembrou que o Congresso Nacional está trabalhando ativamente no combate ao novo coronavírus, além de já ter se mostrado disposto a tocar as reformas econômicas defendidas pelo governo depois desse momento de crise.
"Cadáveres como plataforma eleitoral"
Apesar de enxergar essas crises políticas como naturais, Paulo Guedes admitiu que a população espera das suas lideranças um esforço coordenado que permita ao Brasil atravessar as duas ondas da pandemia do novo coronavírus: a crise sanitária e a crise econômica. E sugeriu que há lideranças atuando de forma contrária a esse entendimento, "usando até cadáveres como plataforma eleitoral" na pandemia.
"No Brasil, está essa confusão toda, todo mundo gritando, usando até cadáveres como plataforma eleitoral. Acho que a população não vai aprovar esse comportamento. A população espera das lideranças um esforço para atravessar as duas ondas", criticou Guedes.
O ministro não citou nomes. Porém, o presidente Jair Bolsonaro já reclamou diversas vezes das críticas que vêm recebendo dos governadores e da oposição em meio à pandemia do novo coronavírus.
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