Responsável por 70% da economia brasileira, o setor de serviços chegou ao fundo do poço em abril, quando sofreu um tombo de 11,7% devido à pandemia do novo coronavírus, Por isso, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) já diz que este será o pior ano da década para o setor. A CNC estima que o baque dos serviços será de, pelo menos, 5,9% em 2020 — e pode acentuar a queda do Produto Interno Bruto (PIB) e o aumento do desemprego no país. “Será o pior ano da década”, disse Fábio Bentes, economista da entidade.
A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada, ontem, pelo IBGE, explica que o setor já vinha cambaleando antes da pandemia e mergulhou em uma crise profunda depois que a covid-19 se instalou no país. As medidas de combate à doença exigiram o fechamento de bares, restaurantes, academias e salões de beleza, e reduziram a demanda dos serviços que continuaram funcionando, como os transportes.
Por conta disso, o setor caiu 1% em fevereiro, 7% em março e mais 11,7% em abril. “Nesses dois últimos meses, há uma perda acumulada de 17,9%, o que traz o volume de serviços para um patamar 27% abaixo do ponto mais alto da série, em novembro de 2014”, observou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
A retração do setor ganhou força em abril porque as medidas de isolamento social se intensificaram e perduraram por todo o mês. Por isso, todas as atividades avaliadas pela PMS também tiveram quedas recordes naquele mês. O maior tombo — 44,1% — foi o dos serviços prestados às famílias, segmento influenciado pelo fechamento do comércio, mas também pela redução da renda da população, devido ao desemprego.
Baque
O setor de transportes também sofreu um baque histórico, de 17,8%, influenciado pela redução dos transportes aéreo (-73,8%) e terrestre (-20,6%). Por isso, o agregado de serviços que representa o turismo caiu -54,5%. “A pandemia afetou muito mais as empresas que prestam serviços às famílias do que as empresas que prestam serviços às empresas”, comentou o economista da CNC Fabio Bentes. Ele explicou que os demais serviços também fecharam abril no vermelho, mas com quedas menores: de 8,6% nos serviços profissionais, administrativos e complementares, 3,6% em informação e comunicação e 7,4% em outros serviços.
A crise deve perdurar pelos próximos meses, segundo Bentes, porque muitas famílias perderam renda e outras estão com medo de gastar. “As perdas dos serviços vão começar a diminuir gradualmente, devido à reabertura do comércio. Porém, essa recuperação vai depender dos estragos que a pandemia fez no mercado de trabalho e no crédito, porque, praticamente, toda a população está sofrendo com a recessão e está cortando serviços não essenciais”, explicou. (MB)
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