Economia

Mercados: liquidez global prevalece sobre tensão política interna

Cenário externo se sobrepõe ao doméstico e Bolsa de Valores sobe 0,46% aos 96.572 pontos, acumulando alta de 3,9% na semana. Dólar cai 1,01% cotado em R$ 5,32

Apesar do cenário conturbado na política do país, o mercado reagiu mais à continuidade da sinalização de liquidez global. O pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) desta sexta-feira (19/6) foi volátil, mas o Ibovespa, principal índice de lucratividade, fechou com alta de 0,46%, aos 96.572 pontos. Na semana, acumula valorização de 3,9% na semana. O dólar caiu 1,01% cotado em R$ 5,32. 

Pedro Galdi, analista de investimento da Mirae Asset, explicou que os mercados já abriram em alta, pegando carona nos estímulos dos banco centrais dos Estados Unidos, Japão e Europa. “O risco da nova onda de pandemia ainda está no radar, mas prevaleceu os bancos centrais. A China, se propondo a cumprir contratos, em detrimento às ameaças de Donald Trump (presidente norte-americano), manteve o mercado de ações em recuperação”, disse.

Notícias reforçando temores da segunda onda de contaminação fizeram os bancos centrais, sobretudo o Federal Reserve (Fed), dos Estados Unidos, garantirem mais estímulos, o que aumentou a liquidez global, confirmou Davi Lélis, assessor da Valor Investimentos. “O epicentro do vírus mudou para os países em desenvolvimento, como Brasil, Chile e Índia. Nas nações desenvolvidas, os casos estavam em queda, mas, nas últimas semanas, foi observado que as contaminações diárias aumentaram nos EUA e na Alemanha, por conta da reabertura da economia e dos protestos, que provocaram aglomeração”, lembrou.

No entanto, os países não estão mais ventilando a possibilidade de fechar a economia como um todo. “Isso não é mais uma opção. Apesar de hoje, a Apple ter fechado lojas nos estados americanos da Flórida, Carolina do Norte e do Sul e Arizona. Isso deixou o mercado mais receoso. Mesmo assim não houve contaminação no Brasil. Na semana, o Ibovespa teve alta de 3,9”, disse. 

Algumas notícias influenciaram o quadro doméstico, ressaltou o assessor da Valor. “O marco do saneamento voltou para a pauta do Senado e as empresas dessa área se valorizaram. Na próxima segunda-feira, a Ford retomará a produção de carros no Brasil. Isso deu ânimo novo”, avaliou. A demanda por petróleo também está subindo mais rápido do que o mercado esperava, completou.


Dólar

Para Ivo Chermont, economista-chefe da Quantitas Asset, a leitura do dia precisa avaliar o cenário da semana. “O dólar está tentando encontrar seu novo patamar, entre R$ 4 e os R$ 6 que quase bateu. Nos parece mais equilíbrio em torno de R$ 5,20. Ainda não chegou lá, fechou em R$ 5,32, mas é natural que fique flutuando perto disso”, destacou. 

Segundo o especialista, o Brasil está envolvido no contexto global, de uma “liquidez estúpida”, por isso as tensões políticas pesam menos. “O mercado percebeu que o preço do Centrão vai ficar mais caro. Pelo que está em jogo, algo muito grave vai acontecer”, estimou.