Economia

Indústria melhora em maio, mas continua fragilizada

Correio Braziliense
postado em 20/06/2020 04:12
A indústria teve uma leve melhora em maio, mas está longe de uma recuperação consistente. Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que os impactos da crise causada pela pandemia do novo coronavírus na atividade industrial ainda foram severos em maio, embora menos ruins do que os de abril. A análise é de que “o pior ficou para trás”.

         Segundo a Sondagem Industrial, divulgada ontem pela CNI, a utilidade da capacidade instalada voltou a subir, de 49% em abril para 55% em maio. “Apesar do aumento, o percentual é o segundo menor para toda a série histórica, iniciada em 2011, e se encontra 12 pontos percentuais abaixo do nível registrado no mesmo período de 2019”, explicou a confederação. 

         O índice de evolução da produção industrial está em 43,1 pontos, 6,9 pontos abaixo da linha divisória de 50 pontos que separa queda e crescimento da produção. Em abril, essa distância era de 24 pontos. O indicador de número de empregados, atingiu 42 pontos no mês passado, oito abaixo da divisão. Em abril, essa distância alcançou 11,8 pontos. Para maio, é a segunda pior variação da série, atrás do mesmo mês de 2015, quando foi de 41,4 pontos. A evolução dos estoques foi de 48,2 para 46,2 pontos e a relação entre os efetivos e planejados de 49,8 para 47,4 pontos.

Cenário negativo
Marcelo Azevedo, economista da Unidade de Política Econômica da CNI, ressaltou que, apesar da leve recuperação ante abril, o cenário é bastante negativo. “Aparentemente, o pior ficou para trás em abril, com dados menos negativos. A queda é um pouco menor, menos intensa e menos espalhada pela indústria. Em abril, foi generalizada”, destacou. 

Os poucos setores com destaque positivo continuaram os mesmos: as indústrias de farmoquímicos e farmacêuticos e de limpeza. Todas resilientes à crise porque seus produtos ajudam a combater a pandemia. “Tirando isso, todos os demais mostraram melhora no quadro, ou seja, com desempenhos menos negativos. Isso mostra que a indústria está longe de uma recuperação consistente”, avaliou Azevedo.

Segundo o especialista, com maior relaxamento das medidas de isolamento nas capitais é possível que isso comece a aparecer nas atividades em junho. “A indústria tinha começado a pegar tração, começando uma recuperação. Estávamos saindo de um patamar muito baixo. Quando falamos da crise passada, foram três anos negativos — 2014, 2015 e 2016 —, agora está concentrada num período muito menor de tempo”, ressaltou.

Os destaques negativos mantiveram-se os mesmos: têxtil, calçados, couros. “Produtos relacionados com o consumo das famílias. As pessoas adiaram as compras e ainda há restrições para consumi-los”, explicou Azevedo.

Segundo a sondagem da CNI, os empresários seguem projetando queda de demanda, exportações, compras de matérias-primas e número de empregados nos próximos seis meses. Contudo, o pessimismo reduziu-se de forma significativa em junho — é menos intenso e disseminado que nos últimos meses. A intenção de investir segue baixa.

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