Economia

67% das famílias brasileiras têm dívida com bancos, cartão ou crediário

Segundo pesquisa da CNC, 67% das famílias brasileiras possuem alguma dívida em aberto com bancos, cartão de crédito ou crediário. Inadimplência atinge 25,4% e chega perto do recorde da série histórica

Correio Braziliense
postado em 23/06/2020 06:00
Seguindo Campos Neto, com novo sistema de pagamentos, cliente não precisará ir ao banco para retirar cédulasA crise econômica causada pelo novo coronavírus provocou uma nova onda de endividamento no Brasil. Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), muitas famílias perderam renda em meio à pandemia e precisaram se endividar para conseguir pagar as contas ou manter o consumo de bens essenciais, como alimentos e remédios. Com isso, o nível de endividamento da população bateu novo recorde neste mês e começa a pressionar a taxa de inadimplência do país.

De acordo com o levantamento, 67,1% das famílias brasileiras estão endividadas. Isso significa que 10,8 milhões de pessoas têm alguma dívida em aberto, seja com o banco, com o cartão de crédito ou com o crediário de alguma loja. São 316 mil endividados a mais do que em fevereiro, e 1,5 milhão a mais que no auge da crise de 2014, quando 9,3 milhões de brasileiros ficaram endividados. Por isso, já há uma preocupação com a quantidade dos que não vão conseguir pagar as contas em dia.

“O endividamento já vinha crescendo antes da pandemia. Só que as pessoas estavam se endividando com o consumo de produtos duráveis, que dependem de crédito. Agora, o que motiva o aumento do endividamento é a necessidade fazer frente a despesas correntes", explicou a economista da CNC Izis Ferreira. Ela diz que isso fica claro quando se olha para o número de postos de trabalho que foram fechados e para o perfil das dívidas contraídas. “As dívidas estão mais associadas ao curto prazo e às famílias com menos de 10 salários mínimos, que, normalmente, não têm uma reserva de emergência como as famílias mais ricas”, contou.

Empréstimo
Foi o que aconteceu com a influencer Maria Ciriaco, de 24 anos. Ela e o marido Alan ficaram sem salário e tiveram que pegar dinheiro emprestado para conseguir pagar as contas de casa. “O trabalho de nós dois fechou e o aluguel venceu. Até tentamos negociar com a imobiliária, mas não teve acordo”, contou Maria.

Mesmo com o empréstimo, Maria não conseguiu quitar o cartão de crédito. Ela não foi a única. Segundo a CNC, 316 mil brasileiros deixaram de pagar alguma conta na quarentena. O total de famílias que têm contas em atraso no Brasil passou dos 4 milhões e a taxa de inadimplência subiu de 24,1% para 25,4% entre fevereiro e junho.

A nova taxa está próxima do recorde da série histórica da CNC, de 25,7%, atingido em outubro de 2017. E preocupa os especialistas, pois tende a crescer no pós-pandemia. “A inadimplência cresceu, mas ainda não está em uma rota explosiva. Porém, a necessidade de crédito deve seguir alta nos próximos meses, já que a recuperação do mercado de trabalho não deve ser rápida. Então, também há uma tendência de aumento da inadimplência”, alertou Izis.

* Estagiários sob supervisão de Odail Figueiredo

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