Economia

Copom: Reformas e ajuste fiscal vão determinar manutenção dos juros baixos

Ata do Comitê de Política Monetária do Banco Central divulgada hoje reforça que reformas e ajuste são necessários e colegiado informa que retomou discussão sobre o limite da taxa mínima da Selic

Correio Braziliense
postado em 23/06/2020 11:45

presidente do Banco CentralA ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, divulgada nesta terça-feira (23/3), reforçou a necessidade das reformas estruturais e de ajuste fiscal para assegurar retomada da economia e evitar aumentos na taxa básica de juros (Selic). 

 

“O Copom avalia que perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia. O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia”, informou a ata da reunião realizada na semana passada, entre os dias 18 e 19.

 

No último encontro do Copom, o Banco Central reduziu a Selic em 0,75 ponto percentual, para 2,25% ao ano, novo piso histórico. No documento, deixou a porta aberta para corte “residual” e, ao mesmo, informou que retomou a discussão sobre um potencial “limite efetivo mínimo” para os juros, uma vez que a atividade não está reagindo apesar dos oito cortes consecutivos na Selic.

 

Na ata, os diretores do BC chamaram a atenção para a retomada da importância do equilíbrio fiscal para a manutenção da taxa de juros em níveis tão baixos, destacou Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos. “A sustentabilidade dessa taxa vai depender essencialmente do fiscal”, alertou.   

 

Conforme o documento, "as políticas fiscais de resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do país de forma prolongada, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco”. O Copom informou entender que, “neste momento, a conjuntura econômica prescreve estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que o espaço remanescente para a utilização de política monetária é incerto e deve ser pequeno”. BC destaca ainda que a trajetória fiscal ao longo do próximo ano, assim como a percepção sobre sua sustentabilidade, serão decisivas para determinar o prolongamento do estímulo.

 

“A ata do Copom não trouxe novidades em relação ao comunicado (da semana passada). Acrescentou que as expectativas de inflação do Focus continuam a cair ainda que as implícitas do mercado já estejam mais estabilizadas. Me parece essa ser uma variável importante para a decisão de continuar a reduzir a Selic, se inflação esperada de 2021 voltar a cair mais”, avaliou a economista-chefe da ARX. Solange Srour prevê que o Copom realizará mais um corte de 0,50 ponto percentual, ou dois de 0,25 ponto percentual na Selic, que deverá encerrar dezembro em 1,75% ao ano.

 

As expectativas de inflação para 2020, 2021 e 2022 apuradas pela pesquisa Focus junto ao mercado encontram-se em torno de 1,6%, 3,0% e 3,5%, respectivamente, conforme os dados da ata. Esses indicadores estão abaixo das metas de inflação do governo é de 4%, em 2020, passando para 3,75%, em 2021, e para 3,5%, em 2022.

 

Limite mínimo

O Comitê, segundo a ata, retomou a discussão sobre um potencial limite efetivo mínimo para a taxa básica de juros brasileira. “Para a maioria dos membros do Copom, esse limite seria significativamente maior em economias emergentes do que em países desenvolvidos devido à presença de um prêmio de risco. Foi ressaltado que esse prêmio é dinâmico e tende a ser maior no Brasil, dadas a sua relativa fragilidade fiscal e as incertezas quanto à sua trajetória fiscal prospectiva”, detalhou o texto.

 

Na avaliação do economista-chefe da Infinity Investimentos, Jason Vieira, não haverá mais cortes na Selic neste ano e qualquer redução será em um “cenário excepcional”. “O BC está observando o cenário de uma maneira mais aberta, encarando questões relevantes ao atual momento”, destacou.

 

A ata do Copom ainda destaca que a queda dos juros já implementada “parece compatível com os impactos econômicos da pandemia da Covid-19” e avisa que, para as próximas reuniões, “o Comitê vê como apropriado avaliar os impactos da pandemia e do conjunto de medidas de incentivo ao crédito e recomposição de renda, e antevê que um eventual ajuste futuro no grau de estímulo monetário será residual”. 

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