Economia

Bancos brasileiros já emprestaram mais de R$ 1 trilhão na pandemia

Agora, o setor financeiro negocia novas medidas de crédito com o governo para poder atender as empresas que ainda não conseguiram financiamento

Correio Braziliense
postado em 23/06/2020 12:57
BancosOs bancos brasileiros estão dispostos a intensificar a oferta de crédito e a renegociação de dívidas para fazer frente à crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus. Porém, esperam que o governo federal também faça a sua parte no que diz respeito ao crédito para que esses recursos de fato cheguem a todos que precisam.

A avaliação dos gestores dos principais bancos brasileiros sobre a atuação do setor financeiro e do mercado de crédito no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus foi discutida nesta terça-feira (23/06) no Ciab Febraban - o congresso de tecnologia da informação do setor financeiro que é promovido anualmente pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Logo na abertura do Ciab, o presidente da Febraban, Isaac Sidney, anunciou que o setor financeiro já emprestou mais de R$ 1 trilhão para as empresas e as famílias brasileiras desde o início da pandemia de covid-19. Ele disse, contudo, que entende quando alguns setores da sociedade reclamam que ainda assim está difícil obter crédito. "O setor agiu rápido. E não paramos de agir. Mas muita coisa trava diante da burocracia estatal de décadas, com processos morosos que não combinam com a urgência da demanda atual", alfinetou. 

Isaac Sidney pediu, então, colaboração dos bancos e também do Estado nesse processo de enfrentamento à pandemia e de retomada da economia brasileira. "O momento, por parte do Estado, é de simplificação das regras, de menor burocracia, de flexibilidade e de assunção do risco de crédito de quem foi mais atingido pela crise. E, do lado do setor bancário, de solidariedade com as pessoas, de renovação do compromisso com os seus clientes, mas também de responsabilidade com o crédito", concluiu.

O presidente do BTG Pactual, Roberto Sallouti, reforçou que é preciso dividir responsabilidades, já que os bancos querem emprestar, mas também precisam cuidar dos recursos dos seus clientes nesse momento em que a pandemia ameaça o emprego e a capacidade de pagamento de muitos brasileiros. "As estatísticas mostram que o crédito cresceu nos últimos meses. Mas infelizmente a demanda por crédito cresceu muito mais. Então, às vezes fica esse sentimento de que os bancos não estão entregando. Mas os bancos têm o compromisso duplo de proteger seus depositantes e oferecer crédito. E, na missão de proteger seus depositantes, têm que tomar a avaliação de risco de crédito", pontuou.

Sallouti afirmou, então, que novas medidas por parte do governo podem ajudar os bancos nessa missão de equilibrar a oferta de crédito com o risco de inadimplência e a falta de garantias oferecida por clientes como as milhares de micro e pequenas empresas que têm tido dificuldades de se financiar durante a pandemia. "Ficou mais difícil para os autônomos e para as pequenas e médias empresas. E aí não tem jeito. Você vê em todo o mundo que quem tem que vir dar um apoio é o governo. Mesmo governos liberais como o de Guedes entendem que, em um momento de risco como esse, quem pode apoiar é o governo", destacou o presidente do BTG.

Presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher confirmou que os bancos trabalharam para ajudar seus clientes na pandemia, oferecendo crédito, prorrogando vencimentos e concedendo carências maiores. Mas, agora, estão negociando com o governo novas medidas emergenciais de crédito para poder continuar "irrigando a economia e permitir a recuperação das empresas" nos próximos meses. 

"Várias coisas foram feitas. E há uma série de linhas novas em vias de aprovação pelo governo", afirmou Bracher. Ele admitiu, por sua vez, que a implementação de algumas dessas medidas "está mais lenta do que gostaríamos". Mas assegurou que, ainda assim, "nos próximos meses, o que o sistema bancário continuará fazendo é apoiar os seus clientes e apoiar a volta à normalidade".

"De 16 de março para cá, fizemos R$ 1 trilhão em novas operações, prorrogações e renovações de operações. Mais de 10 milhões de contratos foram renegociados. Mais de R$ 61 bilhões foram prorrogados por 60 dias e depois levamos para 120 dias. E pode ser que prorrogamos um pouco mais as operações, sem mudar as taxas de juros. Teve uma série de iniciativas que os bancos tomaram e estamos abertos para fazer prorrogações", endossou o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior.

Saiba Mais

Presidente do Santander, Sergio Rial chegou até a listar alguns dos desafios que estarão na agenda do sistema financeiro depois da pandemia do novo coronavírus. E o apoio aos trabalhadores informais e aos pequenos negócios que se mostraram extremamente vulneráveis financeiramente nessa crise está no topo dessa lista. "A partir de agora, seja por conta da recessão ou das dificuldades econômicas que vamos encontrar, vai ser muito importante cuidar da parcela enorme da população que é autônoma. Dar a ela as condições de poder acessar o sistema financeiro e poder proporcionar desde o capital de giro até a inclusão digital para que esse autônomo possa conseguir navegar nos próximos meses. E o segundo ponto é a inclusão digital voltada às micro e pequenas empresas", destacou.

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