Economia

BC tenta liberar R$ 55,8 bilhões de crédito para os pequenos negócios

O Banco Central anunciou um novo pacote de medidas de liquidez para tentar destravar o acesso ao crédito na pandemia do novo coronavírus

Correio Braziliense
postado em 23/06/2020 16:12
O Banco Central anunciou um novo pacote de medidas de liquidez para tentar destravar o acesso ao crédito na pandemia do novo coronavírusO Banco Central (BC) anunciou nesta terça-feira (23/06) mais um pacote de medidas que tentam destravar o acesso ao crédito durante a pandemia do novo coronavírus. E essas medidas agora vieram de forma direcionada, para atender sobretudo para as micro, pequenas e médias empresas brasileiras. Tanto que só uma delas tem potencial de liberar R$ 55,8 bilhões de crédito para os pequenos negócios.

O BC já havia anunciado, logo no início da pandemia, um pacote de medidas que prometia injetar R$ 1,2 trilhão de liquidez no sistema financeiro nacional. Porém, nas últimas semanas, milhares de pequenas e médias empresas relataram dificuldades para acessar esses recursos. O BC admitiu, então, que a maior parte desses recursos acabou ficando com as grandes empresas. Por isso, nesta terça-feira anunciou novas medidas que prometem liberar até R$ 272 bilhões de liquidez e capital para o sistema financeiro, mas focam sobretudo nos pequenos negócios.

"O BC entende que as primeiras medidas serviram para manter o crédito crescendo. Mas também entende que boa parte dos recursos foram para empresas grandes. Então, a maior parte das medidas que serão anunciadas hoje serão direcionadas, sobretudo, para as pequenas e médias empresas", afirmou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Só uma dessas novas medidas promete, portanto, direcionar R$ 55,8 bilhões dos depósitos compulsórios exigidos sobre os depósitos de poupança para o financiamento do capital de giro das pequenas empresas que faturam até R$ 50 milhões por ano. O BC ainda determinou que esses recursos devem ser emprestados com condições vantajosas para os pequenos negócios, com até 180 dias de carência, por exemplo. E disse que os bancos podem perder parte da remuneração dos seus compulsórios caso esses recursos não cheguem aos pequenos negócios.

Além disso, o BC permitiu a redução das provisões que são exigidas do sistema financeiro, desde que os bancos que aderirem ao programa se comprometam a emprestar a maior parte dos recursos que serão liberados dessa forma aos pequenos e médios negócios. Batizada de Capital de Giro para Preservação de Empresas (CGPE), essa medida promete liberar até R$ 127 bilhões para o mercado de crédito, mas exige que no mínimo 50% desses recursos sejam emprestados a empresas que faturam até R$ 100 milhões por ano.

O Banco Central ainda anunciou mais duas medidas que prometem direcionar recursos para as cooperativas de crédito e as instituições financeiras de pequeno porte, que, nesse momento de pandemia, se mostraram mais próximas dos pequenos negócios do que os grandes bancos brasileiros. As medidas têm potencial de ampliar em R$ 16,5 bilhões a capacidade de financiamento dessas instituições e direcionar outros R$ 12,7 bilhões para esse setor.

Roberto Campos Neto destacou, contudo, que o papel da autoridade monetária é injetar liquidez no sistema financeiro. Cabe aos bancos, contudo, transformá-la efetivamente em crédito. O presidente do BC também ressaltou, contudo, que, no entendimento da autoridade monetária, essas novas medidas devem ser desembolsadas mais rapidamente do que as que foram anunciadas no início da pandemia e, por isso, podem chegar logo à ponta.

Outras medidas


Além de apresentar programas de apoio ao financiamento dos pequenos negócios, o Banco Central lançou uma nova linha de crédito direcionada para as pessoas físicas. A ideia é que os consumidores brasileiros que têm um financiamento imobiliário possam pegar emprestado com os bancos os valores já pagos da casa própria. E esse financiamento deve ser feito com juros menores do que os que seriam cobrados em um empréstimo tradicional. Por isso, segundo o BC, pode liberar até R$ 60 bilhões de crédito para as pessoas físicas.

O BC ainda definiu nesta terça-feira as regras da compra direta de títulos no mercado secundário, que foi permitida pela PEC do Orçamento de Guerra.

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