Correio Braziliense
postado em 23/06/2020 19:55
Em dia de sustos no mercado financeiro, o Ibovespa, principal índice da B3, seguiu o mercado americano e teve leve alta de 0,67%, aos 95.975 pontos. Já o dólar comercial levou um tombo de 2,25%, fechando o dia vendido a R$ 5,15. Na máxima do dia, chegou a ser vendido a R$ 5,21. Os resultados poderiam ter sido negativos, caso o governo norte-americano deixasse de esclarecer um mal-entendido envolvendo o acordo comercial com a China.
O dia começou bem agitado. Ainda na madrugada, as bolsas internacionais, especialmente nos Estados Unidos e da Ásia, registraram fortes recuos após falas de Peter Navarro, consultor da Casa Branca, sugerirem que o acordo comercial dos norte-americanos com a China estaria "acabado". Posteriormente, ele e o presidente Donald Trump se explicaram nas redes sociais, dizendo que a declaração não era literal. Mas, à essa altura, os gráficos já apresentavam quedas bruscas.
Apesar do susto, o esforço para acalmar os operadores da madrugada funcionou e a situação logo voltou à normalidade. O presidente Trump chegou a dizer que o acordo estava "intacto". Isso elevou os ânimos no mercado americano. O índice Dow Jones, por exemplo, fechou o dia em alta de 0,5%. Outro fator que contribuiu para o bom desempenho foi a divulgação do índice de gerentes de compras (PMI) dos EUA, conhecido como termômetro da economia.
O resultado foi o melhor dos últimos quatro meses, subindo de 39,8 pontos em maio para 49,6 pontos em junho. Resultados acima de 50 indicam um aquecimento da economia, algo que ainda não foi atingido desta vez. Porém, se o ritmo for mantido, o mês de julho terá números ainda melhores, no país que ainda concentra o maior número de casos de covid-19 e mortes, que passaram de 120 mil e superaram o de mortos na primeira guerra mundial. Mesmo assim, o país tem promovido a reabertura da economia, o que tem elevado o humor dos investidores.
William Teixeira, assessor de investimentos da Messem, explica que, no cenário internacional, os indicadores econômicos têm melhorado. A rápida resposta do governo americano ao mal entendido sobre o acordo comercial, segundo ele, foi essencial para que as bolsas não caíssem. "Lá fora, temos alguns indicadores melhores, que mostram que a expectativa é que a economia pare de cair. Ainda não é recuperação, mas a tendência descendente parece estar acabando e isso acaba puxando o dólar para baixo. Na madrugada, vimos um certo temor de que os EUA e China não prosseguiriam com o acordo comercial. Mas Trump disse que o acordo está de pé, o que acalmou o mercado e puxou as bolsas para cima, principalmente na Europa", disse ele.
Na Europa, a divulgação do PMI dos países da zona do Euro também foi positiva. A maioria dos países apresentou resultado abaixo de 50 (o que não configura aquecimento da economia), mas os números foram melhores do que se esperava. A surpresa foi a França, cujo PMI foi de 52,1 pontos, quando a expectativa era de 46.
Já no cenário brasileiro, Teixeira explica que não houve grandes fatos que influenciaram o desempenho do Ibovespa. Mas, segundo ele, o mercado segue atento à eventuais sinais de uma segunda onda de contaminações por coronavírus. "Aqui não teve nenhum grande motivo para a bolsa subir ou cair, o que deixa os índices um pouco mais laterais. O mercado acompanha atento por alguma sinalização de uma segunda onda de coronavírus – se de fato vai acontecer e quais seriam os impactos na economia", afirma.
*Estagiário sob a supervisão de Vicente Nunes
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