Economia

Reestruturação no setor aéreo

Correio Braziliense
postado em 24/06/2020 04:05

 O setor aéreo deve passar por uma reconfiguração após a pandemia do novo coronavírus, com fusões entre companhias. A avaliação foi feita ontem pelo presidente da Gol Linhas Aéreas, Paulo Kakinoff, ao comentar o acordo feito entre as concorrentes Azul e Latam, durante evento destinado a discutir o futuro do segmento no Brasil.
 Segundo o executivo, a Gol vê de forma positiva o codeshare (acordo no qual duas ou mais companhias aéreas compartilham o mesmo voo) da Azul e Latam. “Isso pode endereçar o desequilíbrio entre oferta e demanda”, disse. Para Kakinoff, no mundo todo haverá uma reconfiguração no número de players. “Os ajustes passarão por algumas empresas se inviabilizando, ao não encontrarem alternativas, decretando insolvência. Outras, reduzirão seu tamanho. E haverá uma quantidade significativa de fusões”, estimou.


No entanto, Kakinoff assegurou medida semelhante não está nos planos da Gol, que tem feito sua adaptação ao cenário “de forma independente”. “Temos conseguido ampliar nossa própria capilaridade com parceria com a Voepass, que nos ajuda a endereçar o mercado regional. A Gol tem 40% de participação de mercado, sem a necessidade de acordo, mas o movimento é benigno”, reiterou. Segundo o executivo, a companhia está renegociando compromisso com credores e fornecedores.


No mesmo evento, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, garantiu que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está pronto para socorrer o setor. “Tanto é verdade que o governo federal está preocupado que uma das primeiras medidas foi a MP 925, de ajuda ao setor aéreo”, ressaltou,


Lembrado de que a Alemanha deu 9 bilhões de euros para a Lufthansa, o ministro rebateu: “Se a gente tivesse, a gente dava. Ou os US$ 25 bilhões, como foi feito nos Estados Unidos. Quando não vem uma ajuda nessa magnitude é porque nossa situação não permite. Nossa realidade é muito diferente. Não podemos ter descontrole fiscal. O Ministério da Economia buscou ajudar da maneira que era possível. Se buscou ajuda a mercado”, justificou.


   “Ficou acertado que o BNDES será responsável por 60% do funding (financiamento), 10%, com os bancos, e 30%, no mercado. O BNDES está pronto e as companhias estão esperando que o crédito realmente saia”, disse o ministro, acrescentando que as empresas também buscaram alternativas de mercado. “As companhias estão caminhando para soluções privadas, veja o codeshare  da Latam com a Azul. O governo federal está fazendo o possível dentro das suas limitações”, defendeu.

 Indenizações
     O ministro ainda defendeu o fim do que chamou de “comércio de indenizações”. “Isso gera perdas de R$ 700 milhões a R$ 800 milhões por ano para as companhias, que acabam indo parar na tarifa. Foi criado um verdadeiro comércio de indenizações. Se o avião não decola por falta de teto, o Brasil é o único país do mundo que indeniza isso”, disse. “Você tem atraso no voo e imediatamente recebe uma mensagem no celular pedindo uma procuração para entrar com uma ação contra a companhia. É um benefício para o consumidor que gera malefício para o próprio consumidor”, assinalou.

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