Economia

9,7 milhões de trabalhadores ficaram sem renda na pandemia

Número divulgado nesta quarta-feira (24/06) pelo IBGE reflete o impacto do coronavírus no mercado de trabalho brasileiro em maio

Correio Braziliense
postado em 24/06/2020 15:00
Carteira de TrabalhoA pandemia do novo coronavírus afastou 19 milhões de brasileiros das suas atividades profissionais e ainda deixou quase metade desse pessoal sem nenhum tipo de renda. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 9,7 milhões de brasileiros ficaram sem remuneração só em maio deste ano.

“Nós já sabíamos que havia uma parcela da população afastada do trabalho e agora a gente sabe que mais da metade dela está sem rendimento. São pessoas que estão sendo consideradas na força, mas estão com salários suspensos. Isso não é favorável”, comentou o diretor adjunto de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo.

O impacto da pandemia do novo coronavírus no mercado de trabalho brasileiro foi apresentado nesta quarta-feira (24/06) pelo IBGE através da Pnad Covid-19 - uma versão especial da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua).

De acordo com a pesquisa, o Brasil tem hoje 84,4 milhões de trabalhadores. Porém, 22,5% desses brasileiros estavam afastados do trabalho em maio, em grande parte por conta das medida de isolamento social impostas pela pandemia do novo coronavírus.

Ao todo, 15,7 milhões (ou 18,6% da força de trabalho) estavam afastados do trabalho em maio devido ao distanciamento social. A maior parte deles tem mais de 60 anos de idade (27,3%), mora na região Nordeste (26,6%) e trabalha sem carteira assinada. Segundo o IBGE, 33,6% dos trabalhadores domésticos sem carteira, 29,8% dos empregados do setor público sem carteira e 22,9% dos empregados do setor privado sem carteira foram afastados do trabalho.

E 51,3% desses trabalhadores foram afastados sem nenhuma contrapartida financeira e, por isso, ficaram sem renda no mês de maio. É o equivalente a 11,5% de toda a população ocupada do Brasil, segundo o IBGE.
 
 

Redução salarial


A Pnad Covid-19 também mostrou que mesmo quem continua empregado corre o risco de estar recebendo menos. É que 27,9% da população ocupada - o equivalente a 18,3 milhões de pessoas - trabalharam menos do que a sua jornada habitual em maio.

Por conta disso, a média semanal de horas efetivamente trabalhadas no país caiu de 39,6 horas para 27,4 horas. E isso bateu diretamente no rendimento efetivo do trabalhador brasileiro. Segundo o IBGE, esse rendimento caiu 18,1% em maio, saindo da média de R$ 2.320 para R$ 1.899. Por isso, a massa de rendimentos gerada no país ficou abaixo dos R$ 200 bilhões, em R$ 192,9 bilhões.

O número de domicílios que recebeu algum benefício social do governo, para tentar fazer frente a essa redução de renda, chegou, portanto, a 38,7% em maio. "Entre os auxílios estão o Auxílio Emergencial e a complementação do Governo pelo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda. O valor médio recebido pelos domicílios, para Brasil, foi de R$ 847", lembrou o IBGE.
 
 

Desemprego


Não bastasse isso, a taxa de desemprego marcou para 10,7% no Brasil no ano passado. Segundo o IBGE, 10,1 milhões de brasileiros estavam desocupados em maio deste ano. E essa taxa poderia ser ainda maior se também considerasse aquelas pessoas que gostariam de trabalhar, mas não saíram para procurar emprego no mês passado por conta da pandemia do novo coronavírus. 

Segundo o IBGE, mais 26,2 milhões de brasileiros estavam sem trabalhar, nem procurar emprego, mas admitiram que gostariam de ter uma ocupação em maio. E 18,4 milhões desses trabalhadores explicaram que só não estão em busca desse emprego ainda devido à pandemia ou porque está faltando trabalho na localidade em que reside.

Saiba Mais

"Ao somarmos a população fora da força que gostaria de trabalhar, mas que não procurou trabalho, com a população desocupada, temos 36,4 milhões de pessoas pressionando o mercado de trabalho em busca de alguma ocupação ou que estariam se tivessem procurado trabalho. Quando o motivo de não ter procurado estava relacionado à pandemia ou à falta de trabalho na localidade, o total de pessoas foi de 28,6 milhões de pessoas", revelou o IBGE.

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