Economia

Preço do biodiesel encarece o diesel nos postos, diz Fecombustíveis

Entidade que representa os postos de combustíveis emite nota para reclamar que o litro do biocombustível custa praticamente o dobro do que o óleo derivado do petróleo

Correio Braziliense
postado em 24/06/2020 17:32
Entidade que representa os postos de combustíveis emite nota para reclamar que o litro do biocombustível custa praticamente o dobro do que o óleo derivado do petróleoDesde o último leilão de biodiesel, a discussão entre distribuidoras, postos e produtores de biocombustíveis tem se acirrado. O motivo é o encarecimento do produto limpo e renovável, cuja mistura ao óleo derivado de petróleo é obrigatória no Brasil, na proporção de 12%, para reduzir a poluição e a emissão de gases de efeito estufa (GEE). As distribuidoras alertaram que o elevado preço comercializado no último leilão de biodiesel ia chegar nas bombas.

Agora é vez da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) fazer um comunicado, informando que os postos revendedores de todo o país têm sofrido aumentos de preços do diesel S500 e S10 pelas distribuidoras, além dos percentuais relativos aos últimos aumentos das refinarias Petrobras.

Segundo informação das próprias distribuidoras, tais aumentos referem-se ao maior custo do biodiesel. Atualmente, a mistura do biodiesel adicionada ao diesel é de 12%.  

No 74º leilão realizado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio biodiesel foi negociado a R$ 3,801 por metro cúbico (m³), ante o preço médio negociado no leilão anterior de R$ 2,713 por m3, uma elevação de 40%.

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Enquanto o litro de óleo diesel sai da refinaria por R$ 1,98 em média, incluído jmpostos como PIS/Cofins, o B100 do produtor sai por R$ 3.80, quase o dobro. “A Fecombustíveis lembra que o mercado é livre e competitivo em todos os segmentos, cabendo a cada distribuidora e posto revendedor determinar se irão ou não repassar os maiores custos ao consumidor”, disse.

Entretanto, a federação acrescentou que “entende ser de fundamental importância esclarecer o consumidor e a sociedade em geral sobre a realidade dos fatos, para que o revendedor varejista, agente mais visível da cadeia, não seja responsabilizado exclusivamente por elevações de preços ocorridas em etapas anteriores”.

A Fecombustíveis representa os interesses de cerca de 41 mil postos de serviços que atuam em todo o território nacional, o segmento de TRRs e mais de 60 mil revendedores de GLP, além do mercado de lubrificantes.

Outro lado

A Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) esclareceu que o preço praticado ao consumidor final é um processo muito mais complexo que as informações utilizadas na nota da Fecombustíveis. “Ao adotar como base apenas as informações provenientes dos distribuidores de combustíveis, a Fecombustíveis acabou assumindo para si uma análise equivocada sobre a formação de preços do diesel e, com isso, prestou um desserviço aos seus consumidores e à sociedade”, disse, em nota.

Segundo a Aprobio, o biodiesel é comercializado em leilões públicos e transparentes. “Um ambiente de alta competitividade que permite uma estabilidade nos preços por 60 dias. Não há concentração de mercado, muito menos um monopólio”. A associação fez um longo relato sobre a formação do preço dos combustíveis para justificar sua posição e afirmou:“Ao observar a posição manifestada da Fecombustíveis, identificamos a tentativa de impor uma retórica que exclui das distribuidoras a responsabilidade no processo e superdimensiona a participação do biodiesel na composição do preço final do diesel no posto”.

“É importante que esta questão seja rapidamente superada e não se repita, com a confirmação de compromissos sólidos, a manutenção das regras claras estabelecidas pela Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) e seus benefícios para um modelo sustentável de desenvolvimento, para a saúde do consumidor, e para toda a cadeia produtiva de biodiesel, que inclui a indústria de alimentos e produtores agrícolas familiares. Qualquer tentativa de retroagir nos avanços dessa política de mudança da matriz energética deve ser rechaçada veementemente.”

Assim como a Fecombustíveis, a Aprobio defende a importância de esclarecer o consumidor e a sociedade em geral sobre a realidade dos fatos, para que o revendedor varejista, agente mais visível da cadeia, e os produtores de biodiesel, não sejam responsabilizados isoladamente por elevações de preços. A associação faz parte de uma cadeia que emprega mais de 250 mil pessoas. “É esperado um investimento da ordem de R$ 3,8 bilhões nos próximos anos e geração de mais 9,4 mil empregos diretos e indiretos”, concluiu.

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