Economia

BC revisa projeções para o PIB e prevê retração de 6,4% em 2020

Dados do Relatório de Inflação reduz previsão de crescimento na produção agrícola, de 2,9% para 1,2%, e estima tombo de 8,5% na indústria. Consumo deverá recuar 7,4%, conforme novas estimativas

Correio Braziliense
postado em 25/06/2020 08:43

Homem com machado corta seta que aponta para cima. O Banco Central alinhou as previsões do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 com o mercado e passou a prever retração de 6,4% na atividade econômica deste ano devido à pandemia de covid-19 e destacou que “o nível de incerteza sobre o ritmo de recuperação da economia ao longo do segundo semestre deste ano permanece acima da usual”.

 

“A alteração da projeção está associada, essencialmente, ao avanço e à duração da pandemia da Covid-19 em território nacional, com a consequente adoção, a partir da segunda quinzena de março, de medidas de isolamento social no país”, informou a autoridade monetária no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira (25/6).

A projeção para o PIB anual considera que o recuo no segundo trimestre “será o maior observado desde 1996”, início do atual Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, de acordo com o documento.

 

No RTI anterior, divulgado em março, a projeção para o PIB de 2020 era de estabilidade. No novo relatório a autoridade monetária destacou que a retração será seja seguida de recuperação gradual nos dois últimos trimestres do ano, repercutindo diminuição paulatina e heterogênea do distanciamento social e de seus efeitos econômicos. 

 

Indústria mais fraca

No âmbito da oferta, o crescimento esperado da agropecuária foi reduzido para menos da metade, passando de 2,9%, no último RTI, para 1,2%, “considerando expansões menores nos levantamentos para a safra de grãos e, principalmente, na estimativa para o desempenho da pecuária, em razão dos impactos da pandemia sobre a demanda interna e externa por proteínas”. 

 

A previsão de queda da atividade do setor industrial passou de 0,5% para 8,5%, “com perspectiva de recuo em todas as atividades em função de efeitos do surto da Covid-19 maiores do que os antecipados anteriormente”. 

 

A projeção de retração da indústria de transformação passou de variação de 1,3% para 12,8%, “motivada pela maior retração na demanda final, principalmente por bens de consumo duráveis e de capital, além da redução na oferta resultante das medidas de distanciamento social”. 

 

A variação estimada para a produção da indústria extrativa recuou de 2,4% para estabilidade, ante expectativa de menor demanda por minério de ferro e petróleo, em cenário de maior desaceleração mundial. 

 

Pelas estimativas do BC, o setor da construção deverá apresentar retração de 6,7%, comparativamente à projeção de recuo de 0,5% feita em março, “repercutindo comportamento de maior cautela das famílias e dos empresários do setor, além de diminuição no ritmo de algumas obras pela necessidade de adoção de protocolos especiais para prevenir contágio pelo novo coronavírus”. Estima-se queda de 5,3% no setor terciário em 2020, ante estabilidade projetada em março. Segundo o relatório, segmentos como administração pública e aluguéis, com significativa representação no setor terciário, tendem a ser menos impactados.

Queda nos investimentos

De acordo com o BC, a perspectiva de efeitos mais pronunciados da pandemia sobre a atividade econômica e o aumento das incertezas elevadas em relação ao processo de retomada devem ocasionar postergação de decisões de investimentos. Com isso, a previsão de queda no desempenho anual da formação bruta de capital fixo (FBCF) mudou de 1,1% para 13,8%.   

Tombo no consumo

Com relação aos componentes domésticos da demanda agregada, técnicos do BC projetam no relatório “contração expressiva do consumo das famílias, apesar da magnitude das medidas governamentais de transferência de renda”.

Em relação ao último RI, a projeção foi revista de crescimento de 0,8% para queda de 7,4% “em virtude dos impactos maiores do que os antecipados anteriormente da pandemia sobre o comportamento dos consumidores e a evolução da massa de rendimentos do trabalho, além dos efeitos decorrentes das medidas de distanciamento social e de restrições à mobilidade. 

 

Inflação projetada

As expectativas de inflação para 2020, 2021 e 2022 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 1,6%, 3,0% e 3,5%, respectivamente, destaca o documento. 

 

A projeção central para o cenário de inflação apontada no relatório, que que combina taxas Selic e de câmbio constantes, indica que a inflação acumulada 12 meses termina 2020 ao redor de 1,9%, subindo para 3%, em 2021, e 3,6%, em 2022. Nesse cenário, as projeções para a inflação de preços administrados são de cerca de 1,3%, neste ano, e para 3,8%, nos dois anos seguintes.  Já em uma projeção com Selic prevista pelo Focus e câmbio constante, a inflação passaria para 2%, em 2020, para 3,2%, em 2021, e para 3,5%, em 2022. 

 

Na comparação com o Relatório de Inflação de março, as projeções de inflação acumulada em 12 meses no cenário com Selic e câmbio constantes até 2022 estavam em 3%, 3,6% e 3,8%.

“A queda nas projeções decorre basicamente dos efeitos da crise causada pela pandemia da covid-19. Os efeitos foram extremamente significativos e maiores que o previsto no trimestre encerrado em maio, com deflação acumulada de 0,62%, especialmente, afetada pela queda do preço de petróleo”, explicou o texto.

As projeções para a inflação deste ano e para os próximos estão abaixo da meta que é perseguida pelo Banco Central. A deste ano é de de 4%, passando para 3,75% e 3,5% nos anos seguintes.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags