Considerado uma prévia da inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) ficou perto de zero neste mês de junho devido à crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA-15 variou 0,02% em junho, no menor resultado para o mês desde 2006.
O IBGE explicou que a baixa variação do IPCA-15 se explica pela queda de preço observada na maior parte dos artigos que compõem a cesta de inflação durante a pandemia do novo coronavírus. Recuos que, mais uma vez, foram observados sobretudo nos produtos não essenciais, cuja compra foi adiada para depois da pandemia, e nos serviços que precisaram fechar as portas por conta das medidas de distanciamento social impostas pela covid-19.
Só as passagens aéreas, por exemplo, ficaram 26,08% mais baratas no início de junho. E os combustíveis (-0,34%) também voltaram a apresentar redução de preços em junho. Essa redução, contudo, foi menos intensa que a observada nos meses anteriores. A gasolina, por exemplo, ficou 0,17% mais barata em junho, ante uma queda de 8,51% em maio.
Ainda assim, o grupo dos transportes, que representa cerca de 30% do orçamento familiar, apresentou uma deflação de 0,71% no IPCA-15. E outros quatro grupos tiveram variação negativa: habitação (-0,07%), vestuário (-0,15%), despesas pessoais (-0,03%), saúde e cuidados pessoais (-0,01%).
Por outro lado, os alimentos começaram o mês de junho com mais uma rodada de elevação de preços. Segundo o IPCA-15, o grupo de alimentação e bebidas registrou inflação de 0,47% no início deste mês, influenciado pela alta de 0,56% da alimentação no domicílio. Só a batata-inglesa, por exemplo, ficou 16,84% mais cara; a cebola, 14,05%; o feijão-carioca, 9,38%; e as carnes, 1,08%.
Além disso, houve uma aceleração de 1,36% dos preços de artigos de residência. Isso porque os itens de TV, som e informática, que dependem de insumos importados e já haviam subido 2,81% em maio devido à alta do dólar, ficaram 5,29% mais caros em junho. Também houve alta de preços nos grupos de comunicação (0,66%) e educação (0,03%).
Por conta disso, apesar de continuar em patamares muito baixos por conta do impacto recessivo da pandemia do novo coronavírus, a inflação já começa a dar sinais de uma retomada. É que, antes dessa variação de 0,02%, o IPCA-15 havia registrado dois meses consecutivos de deflação: -0,59% em maio e -0,01% em abril.
A inflação oficial brasileira também seguiu essa tendência e ficou negativa em maio e junho. Porém, segundo os especialistas, deve voltar para o campo positivo neste mês de junho, devido à alta dos preços dos alimentos e dos artigos de residência, mas, sobretudo, por conta da queda menos intenso de produtos como a gasolina.
Essa variação, contudo, ainda deve ser muito pequena, como a do IPCA-15. Por isso, o mercado acredita que a inflação vai terminar o ano marcando cerca de 1,6%. O Banco Central é um pouco mais otimista, mas admite que o índice deve ficar fora da meta de inflação estipulada para este ano, que era de uma inflação de 4%, e marcar só 1,9% em 2020.
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