Economia

Seguro-desemprego: em alta

Correio Braziliense
postado em 26/06/2020 04:04
A procura pelo seguro-desemprego continua alta no Brasil. Segundo o Ministério da Economia, 351,3 mil pessoas requereram o benefício apenas nos primeiros quinze dias deste mês. Com isso, subiu para 2,3 milhões o total de trabalhadores que precisaram recorrer ao seguro para garantir a renda, desde o início da pandemia da covid-19.

O número de pedidos protocolados na primeira quinzena de junho representa um aumento de 35% em relação às 260 mil solicitações registradas no mesmo período do ano passado. “No acumulado de 2020, foram contabilizados 3.648.762 pedidos. O número é 14,2% maior ao registrado no mesmo período de 2019 (3.194.122)”, informou o ministério.

A maior parte dessas solicitações — 64% — foi registrada durante a pandemia do novo coronavírus. De acordo com os dados do governo, na segunda quinzena de março, quando as primeiras medidas de distanciamento social foram implementadas no Brasil, 235 mil trabalhadores recorreram ao seguro-desemprego. E o número disparou com o endurecimento da quarentena e a consequente piora da saúde financeira das empresas: foram 748 mil pedidos em abril, 960 mil em maio e mais 351,3 mil na primeira metade de junho.

O Ministério da Economia destacou, porém, que, nas duas últimas quinzenas, o número de pedidos desacelerou. Segundo a pasta, os 351 mil requerimentos dos primeiros quinze dias deste mês mostram queda de 22,9% em relação aos últimos quinze dias de maio, quando 455,9 mil brasileiros deram entrada no benefício. Especialistas em mercado de trabalho, porém, alertam que isso não significa mudança na tendência de crescimento do desemprego desencadeada pela crise do novo coronavírus.

Ajustess
“O que esse número indica é que o pico já passou, pois as empresas realizaram um ajuste muito grande na folha de salários quando a quarentena teve início. Mas esse número ainda é muito ruim. E a tendência é que o desemprego continue avançando nos próximos meses, porque poderá haver novos ajustes quando as empresas reabrirem e perceberem que a retomada não será tão rápida, ou quando os acordos de redução de jornada acabarem”, disse a economista da Veedha Investimentos Camila Abdelmalack.

“Nós tivemos uma perda muito grande em maio, um choque que dificilmente veremos novamente. Por isso, agora a tendência é que continuem ocorrendo perdas do estoque de emprego, mas com uma intensidade um pouco menor", acrescentou Daniel Duque, pesquisador da FGV/Ibre.

Segundo os economistas, a taxa de desemprego, que estava em 12,6% da população ativa e atingia 12,8 milhões de brasileiros no trimestre encerrado em abril, deve passar dos 15% neste ano em função dos impactos da crise do novo coronavírus no mercado de trabalho. “Eu diria que (o desemprego) pode até chegar perto dos 20% ao longo do ano. Esta foi uma crise sem precedentes, porque teve uma paralisação da oferta, e isso tem uma implicação direta no mercado de trabalho”, afirmou Camila. (MB)

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