Economia

Correio debate soluções logísticas em webinar nesta segunda

Brasil precisa melhorar integração entre os modais de transporte para reduzir os custos. Portos do Arco Norte são opção de saída para a produção de grãos

Rosana Hessel
postado em 28/06/2020 06:00
Ex-senadora Ana Amélia diz que passivo logístico do país é elevadoPassa ano, passa governo e os gargalos da infraestrutura do Brasil não mudam, devido ao baixo volume de investimento no setor, que não é suficiente para a manutenção do estoque existente. A logística é um dos principais custos que pesam na queda da competitividade do país. Dependente do transporte rodoviário, o Brasil precisa melhorar a integração com outros modais para ser mais eficiente e para ganhar novos mercados.

Em tempos de uma crise econômica sem precedentes provocada pela pandemia de covid-19, que deve derrubar o Produto Interno Bruto (PIB) em 9,1%, pelas estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil precisará de uma estratégia bem elaborada para se preparar para o aumento da concorrência que virá na retomada dessa crise que abateu o país em um momento de baixo crescimento, de acordo com especialistas.

Desde a recessão de 2015 e 2016, a soma dos investimentos públicos e privados em infraestrutura não passou de 2% do PIB, de acordo com dados da consultoria Inter.B. O grande desafio do país, quando a pandemia for controlada, será atrair o investidor privado para, pelo menos, dobrar esse percentual que somou pouco mais de R$ 130 bilhões no ano passado, a fim de reduzir os custos no transporte de mercadorias do centro do país para os portos.

;Um dos maiores desafios para que o país volte a crescer é a logística mas, assim como o Brasil, a maioria das economias, inclusive as desenvolvidas, também estará se preocupando em atrair investimento em infraestrutura. E, para competir pelo capital externo, o país precisará apresentar bons projetos e que tenham segurança jurídica;, analisa o consultor Jorge Bastos, ex-diretor presidente da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e ex-presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL).

Ele reconhece que os últimos anos apresentaram alguns avanços, como a privatização de aeroportos e a conclusão da BR 163, ligando Mato Grosso ao Pará ; que acabou criando uma opção de saída da produção de grãos do Centro-Oeste pelo Arco Norte, com aproveitamento da hidrovia. ;As obras foram iniciadas no governo Michel Temer e foram concluídas no ano passado. Isso permitiu uma redução no custo do frete em torno de 20%;, destaca.

Bastos será um dos participantes do webinar que será realizado pelo Correio, nesta segunda-feira (29/6), a partir das 15h, para discutir a importância de bons projetos de infraestrutura. Especialistas dos setores público e privado vão debater sobre os principais gargalos logísticos e soluções no Correio Talks: Portos e fronteiras do Brasil: infraestrutura logística e competitividade. A transmissão será ao vivo, por meio do site www.correiobraziliense. com.br/correiotalks e pelas redes sociais do jornal.

O evento tem parceria com a Federação Nacional dos Despachantes Aduaneiros (Feaduaneiros) e, além de Bastos, conta com a participação de Renato Casali Pavan, sócio fundador e presidente da Macrologística; Elena Landau, advogada e economista e ex-diretora da área de Desestatização do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); Ana Amélia Lemos, ex-senadora do Partido Progressista (PP-RS); Jairo Misson Cordeiro, da Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária e Ferroviária do Tribunal de Contas da União (TCU) e Áureo Emanuel Pasqualeto Figueiredo, engenheiro e diretor da Faculdade de Engenharia da Universidade Santa Cecília (Unisanta). Os interessados poderão fazer perguntas aos convidados.

Passivo
A ex-senadora Ana Amélia reforça que o passivo da logística ainda é muito elevado. ;Esse é um problema de décadas e o país não pode mais perder tempo. Houve alguns avanços, mas é preciso dar continuidade nos processos de concessão e de privatização;, defende. Ela cita como exemplo de gestão privada eficiente o Porto Seco de Uruguaiana, na fronteira do RS com a Argentina, por onde passam mais de 500 caminhões por dia. ;Houve investimentos e os processos melhoraram, pelo menos, do lado brasileiro. Mas, há muito ainda a ser melhorado na infraestrutura, de modo geral. Para um caminhão carregado de grãos chegar ao Porto de Santos ou ao Porto de Paranaguá ainda é complicado. E os caminhões são silos. Ficam parados no porto para a exportação de grãos, porque o país não tem silos para armazenagem;, pontua.

Gargalo
País investe pouco em relação ao Produto Interno Bruto (PIB)

Período Total em % do PIB

2014 2,31

2015 2,10

2016 1,95

2017 1,69

2018 1,82

2019* 1,87

*Estimativa

Fonte:
Inter.B

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