Economia

Privatizações devem ser feitas para melhorar serviços, diz Elena Landau

Para a ex-diretora de Desestatização do BNDES, venda de estatais não deve ser uma "questão de caixa" e, sim, de melhoria e incentivo da competitividade

Israel Medeiros*
postado em 29/06/2020 20:13
Para a ex-diretora de Desestatização do BNDES, venda de estatais não deve ser uma O pior argumento para a concessão de uma empresa pública é a resolução de problemas fiscais. É o que defende a advogada e economista Elena Landau, referência na área. Ela foi diretora do setor de Desestatização no Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e participou do Correio Talks desta segunda-feira (29) junto a especialistas em infraestrutura e logística para debater sobre portos e fronteiras. As privatizações, segundo Elena, devem ser realizadas para buscar uma melhoria nos serviços, não para resolver questões financeiras.

"Eu acho que politicamente, a pior bandeira para a privatização é dizer que você está vendendo porque tem um problema fiscal. Você já aumenta a resistência de partida. Na realidade, a gente precisa privatizar para melhorar a qualidade dos serviços prestados, a qualidade da infraestrutura torna a economia mais eficiente e mais competitiva, e não simplesmente por uma questão de caixa", disse ela.

Elena comentou também que acredita que o excesso de burocracia prejudica o país, especificamente quando o assunto é privatização. "Acho que a governança na área de desestatização piorou. Sei que muita gente vai discordar de mim, mas eu não vejo sentido em ter o conselho do Programa de Parcerias para Investimentos (PPI), o próprio PPI, o PND, a Secretaria de Desestatização, BNDES, um ministro de Transportes, Casa Civil. É muita gente eu acho que isso torna o processo mais lento e mais complexo na burocracia", defendeu.

Ela afirmou ainda que existe hoje um pensamento de que a infraestrutura salvará o Brasil da crise, com o qual não concorda. Para a economista, obras de infraestrutura impactam a sociedade no longo prazo e para que a economia caminhe, em sua avaliação, é necessário trabalhar em reformas como a tributária e administrativa.

"Se você não tiver abertura da economia, reforma tributária e tantas outras reformas fundamentais, não adianta ficar bradando que infraestrutura vai atrair investimentos. Precisa de muito mais, como, por exemplo, reduzir o risco político do Brasil", completou.


*Estagiário sob a supervisão de Vicente Nunes

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