Correio Braziliense
postado em 30/06/2020 13:47
A crise sanitária continua mostrando seus efeitos no tamanho da dívida pública, que registrou o maior rombo da série histórica, iniciada em dezembro de 2001, no mês de maio. Segundo as estatísticas fiscais do Banco Central, a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), que inclui o governo federal, o INSS e os governos estaduais e municipais, chegou a R$ 5,929 trilhões em maio, o equivalente a 81,9% do Produto Interno Bruto (PIB), com alta de 2,1 pontos percentuais do PIB em relação ao mês anterior.A alta, em maio, foi resultado de emissões líquidas de dívida bruta (aumento de 1,3 ponto percentual), do efeito da variação do PIB nominal (aumento de 0,5 ponto percentual) e da incorporação de juros nominais (aumento de 0,3 ponto percentual). De acordo com Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do BC, o resultado já era esperado, devido “às despesas extraordinárias com a pandemia, à redução da atividade econômica e aos consequentes adiamentos do pagamento de impostos, taxas e tributos”.
No ano, o aumento da dívida bruta, aponta o BC, foi de 6,1 ponto percentual, na relação DBGG/PIB, tendo como principais motivos as emissões líquidas de dívida (aumento de 2,5 ponto percentual), a incorporação de juros nominais (aumento de 1,9 ponto percentual), a desvalorização cambial acumulada (aumento de 1,6 ponto percentual), o efeito da variação do PIB nominal (aumento de 0,2 ponto percentual) e o ajuste da paridade da cesta de moedas da dívida externa (redução de 0,1 ponto percentual).
O tamanho da dívida pública está dentro das expectativas do mercado. De acordo com César Bergo, sócio-consultor da Corretora OpenInvest, diante da pandemia, é possível que, até o fim do ano, a DGBB que chegue a 100% do PIB (R$ 7,3 trilhões, em 2019, com previsão de queda de 4.5%, em 2020). “A grande preocupação é a contaminação da política na economia, com a expansão dos gastos, tendo em vista a aproximação do governo com o chamado centrão que é reconhecidamente perdulário”, destacou Bergo.
A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) foi de R$ 3.983,4 trilhões (55% do PIB) em maio, com aumento de 2,3 ponto percentual do PIB em relação ao mês anterior. Segundo o BC, esse resultado refletiu, em especial, o impacto do déficit primário no mês (aumento de 1,8 ponto percentual), do efeito da variação do PIB nominal (aumento de 0,4 ponto percentual) e dos juros nominais apropriados (aumento de 0,1 ponto percentual).
No ano, a relação DLSP/PIB teve redução de 0,7 ponto percentual, evolução decorrente, sobretudo, da desvalorização cambial acumulada de 34,6% (redução de 5,2 ponto percentual), do ajuste da paridade da cesta de moedas da dívida externa líquida (redução de 0,6 ponto percentual), do déficit primário acumulado (aumento de 3 pontos percentuais) e dos juros nominais apropriados (aumento de 2,1 pontos percentuais).
Déficit primário
O setor público consolidado (governo central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras) apresentou déficit primário (diferença entre o que é arrecadado e o que é gasto), pelo segundo mês consecutivo. Foi de R$ 131,438 bilhões em maio, também o maior rombo fiscal em um único mês na série histórica. No mês anterior, o déficit havia sido de R$ 94,303 bilhões.
De acordo com o BC, o resultado fiscal de maio se deve ao déficit de R$ 127,092 bilhões do governo central (Tesouro, Banco Central e INSS), e de déficits dos governos regionais (Estados e municípios) de R$ 4,768 bilhões no mês. O resultado negativo dos Estados foi de R$ 4,259 bilhões. E o dos municípios, de R$ 508 milhões. As empresas estatais registraram superávit primário de R$ 422 milhões.
No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, as contas do setor público apresentaram déficit primário de R$ 214,021 bilhões, o equivalente a 7,37% do PIB, em consequência igualmente dos efeitos econômicos da pandemia do novo coronavírus. Somente em maio, o déficit primário foi de R$ 131,438 bilhões. A projeção oficial do Tesouro Nacional para o rombo das contas públicas em 2020 era de 9,5% do PIB (R$ 676 bilhões), podendo chegar a 11,5% do PIB, com a prorrogação do auxílio emergencial para os mais necessitados, que pode acarretar novos gastos, estimados em mais de R$ 800 bilhões.
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