Economia

Guedes reconhece que programas de crédito não foram suficientes

O ministro espera, portanto, que o Pronampe chegue nas micro e pequenas empresas, sobretudo através da Caixa, nas próximas semanas

O ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu nesta terça-feira (30/06) que as ações governamentais ainda não foram suficientes para fazer o crédito chegar às micro e pequenas empresas brasileiras durante a pandemia do novo coronavírus. Porém, disse ter esperanças de que as medidas já anunciadas consigam ajudar os pequenos negócios nas próximas semanas.

Questionado sobre o assunto em audiência pública da comissão mista que acompanha o programa de enfrentamento ao coronavírus no Congresso Nacional, Paulo Guedes reconheceu que "o desempenho no mercado de crédito não foi satisfatório" e admitiu que esse problema "está ameaçando a sobrevivência das micro e pequenas empresas" brasileiras na pandemia.

O ministro da Economia alegou que, apesar de ter um bom time tratando do crédito, o governo teve dificuldades e demorou para trabalhar nesse front porque "a necessidade de capital de giro triplicou, quadruplicou" na pandemia. "Mesmo expandindo o crédito como nós expandimos, continuou insuficiente", pontuou.

Ele garantiu, por sua vez, que o governo continua aperfeiçoando os programas de crédito para fazer com que eles cheguem às micro e pequenas empresas. E disse que, agora que enfim começou a rodar, o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) deve suprir boa parte dessa demanda.

"Demorou um pouco porque acompanhar 3,2 milhões de pagadores impostos e adaptar um programa para eles não é simples. Lamentamos muito que tenha demorado tanto tempo a sair. Mas ele foi para o Congresso, foi para Câmara, Senado, voltou, mexemos nele até o final. Leva um tempo. Mas agora finalmente chegou, vai entrar", disse Guedes.

O ministro lembrou que, apesar de alguns bancos privados ainda estarem avaliando a entrada no programa, a Caixa Econômica Federal já está operando o Pronampe e já atendeu cerca de 200 mil empresas dessa forma. E disse que essa operação deve crescer nos próximos dias. Por isso, prometeu prestar contas do assunto nas próximas reuniões da comissão mista do Congresso. 
 
 

Reunião ministerial


Paulo Guedes ainda aproveitou a ocasião para tentar esclarecer duas falas duas da reunião ministerial de 22 de abril, que foram mal interpretadas, segundo ele.

O ministro alegou que, ao dizer que o governo vai "perder dinheiro salvando empresas pequenininhas", não quis dizer que o Executivo não liberaria crédito a esses negócios. Ele argumentou que o governo está disposto a socorrer todas as empresas que foram atingidas pela pandemia do novo coronavírus, mas pode conseguir algum lucro ao ajudar as grandes companhias, enquanto corre o risco de perder dinheiro ao apoiar às pequenas, já que algumas dessas empresas não vão sobreviver à pandemia, mesmo após o financiamento do governo.

"Sabemos que deve haver alguma perda no programa, mas nossa responsabilidade é estender os recursos. Isso explica uma frase minha, muito mal compreendida. Não significava que não daríamos dinheiro para as pequenas. O contrário! Quando você empresta para uma gigante, uma aérea, o governo tem que ganhar algum dinheiro com isso, tem que dar uma satisfação à população. Já para a pequenininha não. Você dá dinheiro a milhares de pequenas, mas algumas podem morrer no caminho. Com as pequenas, a gente pode não ganhar dinheiro. Mesmo assim, daremos o crédito", declarou.

Da mesma forma, Guedes usou a operação do Pronampe para justificar a fala em que defendeu a venda do Banco do Brasil (BB) na reunião ministerial de 22 de abril. Na ocasião, o ministro disse que o Banco do Brasil "é um caso pronto de privatização". E, nesta terça-feira, ele reclamou que o BB diz que não pode demitir seus servidores porque é um banco público. Mas, na hora de agir como um banco público e emprestar dinheiro para as pequenas empresas, por exemplo, lembra que é uma sociedade de economia mista que deve buscar o lucro e evitar o risco de inadimplência desses negócios.

Saiba Mais

"Os bancos públicos têm que partir na frente desses programas. Foi aí que me referi, 'olha, tem banco que não é tatu nem cobra', não é nem público, nem privado. Na hora de poder demitir, lembra que é público, não pode demitir ninguém. Na hora de exigir que participe de um programa como esse, de colocar dinheiro nas empresas pequenas, aí lembra que tem capital aberto, é de economia mista. Foi nessa que falei 'olha, tem que vender uma porcaria de banco que não atende numa hora dessa'", disse Guedes.