Economia

Para Guedes, o país está "muito longe" da depressão

Ministro da Economia descarta cenário de forte recessão no país e, com isso afirma a parlamentares que a possibilidade de o BC emitir moeda é remota

Correio Braziliense
postado em 30/06/2020 19:20
Ministro da Economia descarta cenário de forte recessão no país e, com isso afirma a parlamentares que a possibilidade de o BC emitir moeda é remotaO ministro da Economia, Paulo Guedes, considera remota a possibilidade de o Banco Central emitir moeda como uma das medidas para gerar recursos em meio à forte recessão que a pandemia de covid-19 está provocando no mundo. 

Em audiência pública na comissão mista do Congresso que trata sobre as medidas para o combate da covid-19 realizada nesta terça-feira (30/06), ele afirmou que isso seria necessário “se o país mergulhasse em uma depressão”, que é o quadro uma recessão mais profunda, quando a atividade econômica cai e fica estagnada e há quebradeira generalizada de empresas e aumento expressivo do desemprego.

Na avaliação do ministro, o país não chegou a esse cenário e as chances de isso acontecer são remotas. “Estamos muito longe dessa situação, não acredito que estamos indo para uma depressão”, disse ele aos parlamentares.

Não é a primeira vez que o ministro toca nesse assunto. Guedes já tinha dito algo semelhante aos parlamentares durante uma audiência pública em abril. 

De acordo com Guedes, o Banco Central só emitiria moeda nessa situação, quando o juro estaria zerado, não havendo rentabilidade nos títulos públicos e, com isso, “a demanda por moeda vai ficar infinitamente elástica”. “Se caíssemos nessa situação, iríamos permitir ao BC fazer o que o Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos) fez de pegar a capacidade de emitir moeda e começar a recomprar a dívida, sem perigo de inflação”, disse. “Mas estamos muito distantes desse caso”, garantiu.

O ministro comparou essa situação, com o país indo para uma crise de dois a três anos em uma curva em L, com o cenário de “armadilha de liquidez” descrita pelo economista John Maynard Keynes, um dos pais da teoria desenvolvimentista, quando os juros desabam e a inflação também. Com isso, em vez comprar títulos públicos e oferecer crédito, as instituições financeiras manteriam os recursos na tesouraria para não perderem dinheiro.  “Ainda aposto que o Brasil tem chance de ter uma recuperação mais rápida do que se espera”, disse. 

O ministro ainda reforçou que medidas de retomada da economia e do emprego estão sendo elaborados e serão apresentadas nos próximos meses e que o país “vai surpreender o mundo” nesse processo de recuperação. 

Apesar de as previsões do mercado apontarem para uma queda expressiva do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, Guedes preferiu qualificar as estimativas de retração de 9% a 10%, neste ano, como “chute”. Contudo, ele evitou fazer projeções no momento para os parlamentares devido ao grande número de incertezas em relação ao impacto da pandemia na atividade. 

Mais tarde, durante cerimônia no Palácio do Planalto em que o auxílio emergencial de R$ 600 foi por mais dois meses, ministro fez questão de destacar que o governo não quer atrair os investidores que estavam acostumados com os juros altos do país. “Acabou o paraíso dos rentistas. Não queremos esses recursos. Eles vão tarde. Queremos recursos que virão para investimentos de longo prazo, em infraestrutura, em saneamento básico”, afirmou ele, citando a saída de S$ 80 bilhões de capital estrangeiro do país.

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