Economia

OIT alerta para impactos da pandemia no mercado de trabalho

Partindo da projeção do banco mundial de uma redução da atividade econômica da região da América Latine e Caribe de 7,2% neste ano, a taxa de desemprego deve subir de 8% para 12,3%

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) prevê forte aumento do desemprego para a América Latina e Caribe, em consequência dos efeitos econômicos da pandemia pelo coronavírus. A taxa de desocupação, que era de 81% até o final de 2019, de acordo com o "Panorama Laboral em tempos de Covid-19: Impactos no mercado de trabalho e na renda", poderá subir entre 4 a 5 pontos percentuais, elevando o número de desempregados para o recorde histórico de 41 milhões de pessoas na região. Se a crise se acentuar, a situação do mercado de trabalho vai elevar as desigualdades sociais e a pobreza.

“Este aumento sem precedentes na taxa de desocupação regional acarreta um recorde histórico de 41 milhões de pessoas desempregadas, o que terá um impacto na estabilidade econômica e social de nossos países”, explicou o diretor do Escritório da OIT para a América Latina e no Caribe, Vinícius Pinheiro. Este panorama será analisado, nessa quinta-feira, no Evento Regional das Américas, da Cúpula Mundial virtual da OIT. O documento destaca relatório do Banco Mundial apresenta estimativa de queda no crescimento econômico de 7,2%, o que levaria a taxa de desemprego até 12,3%

Mas se forem considerados, também, os últimos dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), de contração 9,4% na economia da região, os níveis de desemprego subiriam para 13%. O que significa que o número de pessoas que procuravam emprego e não o conseguiam (26 milhões), antes da pandemia, vai aumentar para 41 milhões em 2020. Os analistas da OIT também detectaram uma veloz deterioração na qualidade dos empregos e queda na renda dos trabalhadores, e das famílias, por causa da pandemia. “Isso pode ampliar as desigualdades sociais, já que a renda do trabalho, em média, contribui com cerca de 80% da renda total da família na região”, destaca Pinheiro.

A análise da OIT assinala, ainda, que “a destruição maciça do emprego não se reflete totalmente nos aumentos da taxa de desemprego, porque parte significativa dos trabalhadores que perde emprego deixou a força de trabalho”, devido às medidas de confinamento e de distanciamento e falta de oportunidades – o que os levou a uma situação de inatividade. A OIT lembra que cerca de 40% do emprego na América Latina e no Caribe são em setores econômicos intensivos em demanda e em menores níveis de qualificação, como hotelaria, alimentação ou comércio, e estão sob alto risco, diante da crise pela pandemia.

“Cerca de 60% das pessoas empregadas na América Latina e no Caribe estão expostas a perdas significativas no emprego, nas horas trabalhadas e na renda do trabalho”, reforça o panorama da OIT. Por outro lado, 17% dos trabalhadores estão em setores de risco médio-alto. No outro extremo da classificação, uma proporção muito baixa de trabalhadores - menos de 20% - está em atividades sob baixo risco, como, por exemplo, na administração pública e em serviços de educação e de saúde.

Propostas


A OIT alerta que o maior desafio para os governos será chegar a um consenso sobre programas eficazes para fazer frente à destruição de empregos e renda, diante dos efeitos da Covid-19.  E propõe que as estratégias e as políticas para reconstruir os mercados de trabalho sejam baseadas em quatro pilares: estimular a economia e o emprego; apoiar as empresas e a renda dos trabalhadores; proteger os trabalhadores no local de trabalho; e alcançar soluções eficazes por meio do diálogo social. Essas propostas serão discutidas no Evento Regional das Américas, nesse 2 de julho, com a presença de ministros do trabalho e representantes de organizações de empregadores e de trabalhadores. O evento faz parte da Cúpula Mundial da OIT sobre a COVID-19 e o mundo do trabalho, que abrange todas as regiões do planeta e cujas sessões globais serão de 7 a 9 de julho.