Economia

Presidente da Eletrobras prega privatização para ajudar retomada econômica

Wilson Ferreira Junior considera positivas as ações do governo para privatizar a empresa, uma vez que há risco de grande perda de participação no mercado até o fim da década

O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, afirmou nesta quinta-feira (2/7) que vê com bons olhos as ações do governo federal no sentido de privatizar a companhia. A ação permitiria atrair investimentos estrangeiros e poderia resultar em uma injeção de cerca de R$ 14 bilhões, disse, ao participar de um webinar. Ele se referia ao Projeto de Lei 5877/2019, que prevê o aumento do capital social por meio da diminuição da porcentagem controlada pela União. 

O governo federal esperava arrecadar cerca de R$ 16 bilhões com a privatização da empresa este ano. Segundo Ferreira Junior, caso a Eletrobras mantenha o nível de investimentos atual para os próximos anos, deverá ocorrer uma diminuição da sua participação de mercado de 30% para 23% na geração e de 45% para 32% na transmissão de energia até 2029. A solução seria a criação de uma corporação brasileira, a exemplo do que houve com a Embraer e a Vale S.A.

Nesse modelo, apenas acionistas minoritários aportam capital. A União não aporta e não vende. "A privatização da Eletrobras é uma das ações do novo governo que eu entendo correta, porque tratá capital de investidores estrangeiros. Isso seria feito via aumento de capital pulverizado. Isso geraria um aumento de capital de R$ 14 bilhões”, defendeu.

Pandemia atrasou planos

O presidente da companhia de energia afirmou também que a expectativa era que o projeto apresentado pelo governo já tivesse sido votado, mas que a pandemia passou a consumir todo o esforço das casas legislativas. "O governo deixa claro para a sociedade que projetos como esse da Eletrobras são importantes para a recuperação. E, obviamente, a gente já tem que pensar na saída. Com esse acúmulo da dívida pública, temos que ter instrumentos de atração de capital para o Brasil", defendeu.

Ferreira também criticou a Medida Provisória 579/2012, aprovada no governo Dilma Roussef e que veio a se tornar a Lei 12.783/2013. Ela prevê uma redução de encargos e resultou em uma queda nas tarifas de energia. Isso, segundo ele, foi a "derrocada" da empresa, que é a maior da América Latina no setor.

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"A Eletrobras acumulou um prejuízo de R$ 31 bilhões. As tarifas caíram entre 65% e 75%. Ao mesmo tempo, ela estava envolvida na construção das principais usinas brasileiras. Tinha vários investimentos e isso fez com que os prejuízos da companhia fossem levados contra o patrimônio. O risco hidrológico passou a ser repassado para os consumidores. Isso gerou um aumento na conta de mais de 100%, enquanto a inflação subiu na casa de 30% nesse período", afirmou o CEO.

Ele ainda falou sobre o futuro do consumo e da geração de energia. Na sua avaliação, o sistema energético passará por uma transição, sendo que as fontes limpas e renováveis "vieram para ficar". O crescimento desse setor, pontuou, se dará por meio da energia eólica – que tem conquistado cada vez mais relevância no país, sendo sua segunda maior fonte energética. "Temos uma perspectiva de redução dos nossos custos com a entrada dessas novas práticas. Através da concessão, o risco hidrológico, que mais poluiu a tarifa de energia, será diluído", revelou.

*Estagiário sob a supervisão de Humberto Rezende