Economia

Queda na renda dos trabalhadores chegou a R$ 52 bilhões em maio

Valor se refere, apenas, à queda na renda ocorrida em maio, devido à pandemia, segundo levantamento feito por economista do Ipea. A parcela mais prejudicada são pessoas com menor escolaridade, idosas e as que estão no mercado informal

Correio Braziliense
postado em 03/07/2020 06:00
ilustração de um trabalhador quebrando um capaceteA covid-19 provocou R$ 52 bilhões em perdas salariais no mercado de trabalho em maio, conforme levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado ontem. Sandro Sacchet, pesquisador do Ipea e autor do estudo, informou que a renda média dos trabalhadores formais encolheu 18% no quinto mês do ano, ou seja, o rendimento efetivo foi de 82% do valor habitual, como mostra o quadro ao lado. 

ilustração de dados

Para elaborar o estudo, Sacchet usou como base para o estudo os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua e da massa de rendimentos captada na PNAD Covid-19, ambas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os trabalhadores informais, mais idosos e com menor escolaridade foram os mais afetados por essa perda nos salários. O levantamento ainda comparou os impactos do auxílio emergencial de R$ 600 na renda familiar. 

Pelas contas do técnico do Ipea, a perda da massa total de rendimentos efetivos dos trabalhadores formais foi de R$ 34 bilhões em maio. “Se considerarmos essa queda na renda com as perdas de quem foi demitido em maio, chegamos a um total de perda salarial em torno de R$ 52 bilhões”, destacou. Essa diferença ocorreu sobre a estimativa de R$ 210 bilhões para a renda total esperada sem o impacto da pandemia no mercado de trabalho, ou seja, a massa salarial recuou para R$ 158 bilhões. 

As perdas salariais foram mais expressivas entre os trabalhadores do Sudeste, de 80%. “A região foi a mais afetada pela pandemia em maio. É provável que esse quadro mude nos próximos meses se houver uma evolução maior da covid-19 em outras regiões que ainda não alcançaram o pico de contágio da doença”, explicou Sacchet. No Centro-Oeste, esse percentual da renda média efetiva em relação ao habitual foi o mais elevado, de 86%.

O estudo comparou as rendas em diferentes grupos demográficos e constatou, ainda, que os trabalhadores por conta própria perderam 40% dos rendimentos, enquanto quem tinha carteira assinada recebeu 92% do anteriormente previsto. Os empregados sem carteira assinada, todavia, receberam 76% do esperado. Funcionários públicos foram os menos afetados. Receberam, pelo menos, 95% dos respectivos rendimentos previstos, informou o técnico.

Comparação
O estudo também comparou a renda domiciliar e os impactos do auxílio emergencial de R$ 600 destinado aos trabalhadores informais e mais pobres. “O que verificamos é que o auxílio emergencial permitiu manter uma renda apesar da pandemia, mas o impacto sobre a massa de rendimento não foi suficiente para compensar as perdas. Pelas nossas estimativas, o auxílio conseguiu compensar cerca de 45% de toda a perda da massa salarial no mês de maio”, destacou. Ele considerou o valor pago pelo benefício no quinto mês do ano, de R$ 23,5 bilhões, para os cálculos. 

Sacchet reconheceu a importância do socorro emergencial, que foi ampliado pelo governo de três para cinco parcelas no combate à desigualdade. “O auxílio emergencial tem ajudado a evitar uma explosão de desigualdade, porque a pandemia foi muito grave. Apesar de não suficiente para minimizar as perdas salariais, esse benefício está sendo fundamental para os domicílios da população mais pobre”, destacou.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags