Economia

BC acredita em recuperação da economia mais rápida que a imaginada

O presidente da instituição defende que a retomada será mais rápida do que a da crise de 2008

Correio Braziliense
postado em 03/07/2020 06:00
um prédio pretoOs indicadores econômicos coletados pelo governo mostram que o pior da crise do novo coronavírus já passou e que a recuperação econômica será mais rápida do que se pensava. Foi o que afirmou o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, no Correio Talks. Ele também reconheceu que ainda há pontos a serem melhorados no pacote federal de enfrentamento à covid-19, sobretudo no que diz respeito ao crédito. 

“Parece que iniciamos uma recuperação. E a primeira parte dessa recuperação foi em V”, disse Campos Neto. O presidente do BC explicou que a economia brasileira bateu no fundo do poço em abril, o mês mais intenso do isolamento social no país. Mas, já começou a ensaiar uma retomada em maio e acelerou esse processo de recuperação em junho. “Pelos dados em tempo real, de energia, tráfego, arrecadação, volume de TEDs, conseguimos ver uma melhora em junho”, antecipou.

Diante disso, Campos Neto acredita que a retomada será mais rápida do que a da crise de 2008. E credita isso ao bom funcionamento do sistema financeiro na pandemia do novo coronavírus. “O setor financeiro é muito importante para alocar recursos de maneira eficiente”, observou.

Ele admitiu que ainda é preciso aperfeiçoar um ponto importante do sistema financeiro: o acesso ao crédito. Segundo o BC, a concessão de crédito apresentou crescimento forte durante a crise do novo coronavírus. Porém, acabou se concentrando nas grandes empresas e não foi suficiente para fazer frente à “demanda extraordinária” gerada pela pandemia. Por isso, ainda há um sentimento de escassez de crédito nas micro, pequenas e médias empresas.

O presidente do BC lembrou que a autoridade monetária anunciou recentemente um pacote que promete direcionar mais de R$ 200 bilhões de crédito para as pequenas e médias empresas. E destacou que, na “divisão de tarefas” do governo, este é o papel do Banco Central. Caberia ao Tesouro Nacional, portanto, desenhar novas políticas de crédito ou liberar garantias e, assim, assumir o risco desses empréstimos, como vêm pedindo os pequenos negócios e até mesmo os bancos. “O BC não tem mandato de fazer política fiscal”, pontuou.

Para Campos Neto, o BC também cumpriu o seu papel no que diz respeito à política monetária, reduzindo a taxa básica de juros (Selic) para a mínima histórica de 2,25% ao ano em meio à pandemia. E indicou que, por isso, possíveis novos ajustes na Selic devem ser pontuais.

O que a autoridade monetária parece disposta a fazer agora é, portanto, aperfeiçoar as políticas de crédito e seguir com a agenda de inovação do sistema financeiro. Provocado, ele comentou, ainda, a recente suspensão do serviço de pagamentos do WhatsApp. “Em nenhum momento o BC proibiu o WhatsApp de operar. O que o BC entende é que é um arranjo relevante para a economia e precisa passar pelos mesmos processos de aprovação dos outros arranjos”, explicou Campos Neto.

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