Economia

Bolsa encerra dia com queda 1,19% e dólar volta a subir e fecha em R$ 5,38

Otimismo no início do dia no pregão sumiu com confirmação de que o presidente Jair Bolsonaro testou positivo para covid e analistas avisam que, nos próximos dias, haverá muita volatilidade

Correio Braziliense
postado em 07/07/2020 17:58
Otimismo no início do dia no pregão sumiu com confirmação de que o presidente Jair Bolsonaro testou positivo para covid e analistas avisam que, nos próximos dias, haverá muita volatilidadeA volatilidade da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) ficou mais forte, nesta terça-feira (07/07),  com confirmação de que o presidente Jair Bolsonaro testou positivo para a covid-19. A B3 chegou a cair quase 1,5% logo depois da notícia e o dólar voltou a subir em relação real mostrando que o sinal amarelo voltou para as mesas de operações.

Em um dia que começou com expectativas de que a Bolsa romperia os 100 mil pontos, o Índice Bovespa, principal indicador da B3, terminou o pregão com queda de 1,19%, a 97.761 pontos. As ações da CVC e de bancos lideraram as perdas no dia. No acumulado do ano, o tombo é de 15,46%. Enquanto isso, o dólar avançou 0,58% e fechou cotado a R$ 5,38. 

“O real teve a quinta maior desvalorização frente ao dólar  entre as moedas emergentes. O destaque negativo foi para o pelo mexicano, que chegou a cair 2,19% hoje, mas, como o mercado estava meio confuso, o dólar caiu frente a algumas moedas emergentes, como o rublo russo”, comparou o Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. “O investidor tomou menos risco no Brasil depois da notícia do Bolsonaro. A ideia é esperar os próximos dias para ver a saúde do presidente para depois tomar uma decisão sobre o que fazer. Caso o quadro dele se agravar, aumenta a incerteza no curto prazo”, explicou.

A preocupação durante o pregão, de acordo com analistas, foi grande com a confirmação de Bolsonaro ter testado positivo para covid-19. Mas ela está maior em relação ao estado de saúde do ministro da Economia, Paulo Guedes, que tem 70 anos anos e é do grupo de risco e teve várias reuniões com presenciais com o chefe do Executivo e pode ter contraído o vírus. 

O Ministério da Economia informou que o Ministro Paulo Guedes fez um teste com resultado negativo para a covid-19 na semana passada. O ministro não apresenta sintomas da doença. Conforme recomendação médica, ele cumprirá agenda por meio de videoconferência e fará novo exame em quatro dias para assegurar a eficácia do resultado.

A assessoria do Banco Central também não deu detalhes se o presidente do BC, Roberto Campos Neto, fez novo teste rápido como vários ministros do Palácio do Planalto divulgaram. “Em função de algumas atividades presenciais, os dirigentes do BC têm adotado como prática realizar testes periódicos de detecção da covid-19. Até aqui, nenhum dirigente do BC registrou resultado positivo para a covid-19”, destacou o comunicado do órgão.

O sumiço de Guedes ao longo do dia foi um dos motivos para operadores ficarem ressabiados sobre as promessas que o ministro vem fazendo de retomar a agenda de reformas e privatizações no pós-pandemia. “O efeito Bolsonaro mexeu com os mercados porque eles olham as promessas de tentar trazer a normalidade para o dia a dia. Mas o mercado está mais preocupado com o estado de Guedes. Como ele tem idade mais avançada, ele pode se afastar do cargo devido à covid-19 e as incertezas vão aumentar”, destacou Marcio Loréga, analista da Ativa Corretora.

O momento agora é de cautela, no entender do analista da Ativa, que não recomenda para o pequeno investidor apostar na Bolsa. “A tendência para os próximos dias é de muita volatilidade”, alertou. Ele lembrou que o otimismo recente de que a B3 conseguiria romper a barreira psicológica dos 100 mil pontos novamente, não tem levando em conta o cenário macroeconômico apontando para a maior recessão da história e das contas públicas estarem caminhando para um cenário preocupante não apenas em 2020. 

“É preciso esperar um pouco mais agora, porque o mercado está mais preocupado com as questões de curto prazo, sobre a reabertura da economia e a expectativa de início de retomada rápida, de preferência, em ‘V””, destacou Lórega. Pelas estimativas da Ativa, o IBovespa poderá encerrar o ano em 105 mil pontos. Em 2019, a B3 encerrou 115 mil pontos. . “A expectativa positiva busca ignorar esses fatores negativos, mas, se houver uma segunda onda de contágio da covid-19, isso vai mexer com o humor dos operadores e os riscos que estão sendo ignorados vão começar a entrar na conta”, lembrou.

Na avaliação de Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, o Ibovespa devolveu boa parte da alta de segunda-feira guiado pelos bancos e também ao menor ânimo sobre a retomada em “V” da economia global após atividade industrial na Alemanha decepcionar em maio.  “O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, defendeu o fim da cobrança de juros no cheque especial e no cartão de crédito. Essa pauta está em tramitação no Congresso, mas por tantos adiamentos ao longo de junho sobre a discussão parecia uma ‘assunto morto’ e por isso a reação negativa por parte dos bancos”, destacou. 

Os dados lá fora não foram muito animadores, lembrou Ribeiro. A produção industrial alemã cresceu 7,8% na passagem de abril para maio, enquanto o mercado esperava avanço de 10% no período. Em relação a maio do ano passado, a produção da maior economia europeia caiu 19,3% com ajuste sazonal.

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