Economia

Preso fundador da Ricardo Eletro

Empresário Ricardo Nunes, que já não faz mais parte da direção da companhia, é acusado de sonegar R$ 400 milhões em impostos e tem bens pessoas sequestrados. Operação cumpriu mandados de busca e apreensão em cidades de Minas Gerais e São Paulo

Correio Braziliense
postado em 09/07/2020 04:17
Segundo o Ministério Púbico, Nunes cometeu também crime de lavagem de dinheiro

O empresário Ricardo Nunes foi preso ontem, em São Paulo em operação deflagrada por força-tarefa montada pela Polícia Civil de Minas Gerais, secretaria de Estado da Fazenda e do Ministério Público contra a rede varejista que fundou, a Ricardo Eletro, uma das maiores do país.


Há indícios de que a cadeia de lojas, que atua no setor de eletrodomésticos, tenha sonegado, ao longo de cinco anos, cerca de R$ 400 milhões em impostos. Foram cumpridos três mandados de prisão e 14 de busca e apreensão em Belo Horizonte, Contagem e Nova Lima, na Região metropolitana da capital mineira, e em São Paulo e Santo André (SP). À noite, o empresário foi transferido para Belo Horizonte, onde fez exame de corpo de delito, no Instituto Médico Legal (IML).


Segundo as investigações, impostos eram cobrados dos consumidores, mas não eram repassados ao Fisco. De acordo com informações do Ministério Público, o valor de R$ 400 milhões é correspondente ao Estado de Minas Gerais. Há, no entanto, dívidas “vultosas”, conforme a promotoria, em “praticamente todos os estados” onde a rede possui filiais.


Além dos mandados de prisão e busca, a Justiça determinou o sequestro de bens avaliados em cerca de R$ 60 milhões “com a finalidade de ressarcir o dano causado ao Estado de Minas Gerais”. A promotoria afirma que a investigação “ganhou força após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de novembro de 2019, que definiu como crime a apropriação de ICMS cobrado de consumidores em geral e não repassados ao Estado”.


Ainda conforme informações do MP, a empresa está em recuperação extrajudicial e não tem condições de arcar com suas dívidas. “Em contrapartida, o principal dono do negócio possui dezenas de imóveis, participações em shoppings na região metropolitana de Belo Horizonte e fazendas. Os imóveis não se encontram registrados em nome do investigado, mas de suas filhas, mãe e até de um irmão, que também são alvos da operação”, informou a promotoria.


As investigações apontaram que “o crescimento vertiginoso do patrimônio individual do principal sócio ocorreu na mesma época em que os crimes tributários eram praticados, o que caracteriza, segundo a força-tarefa, crime de lavagem de dinheiro”.
 
Desligamento
Em nota, a Ricardo Eletro informou que Ricardo Nunes e familiares não fazem parte do atual quadro de acionistas do grupo, tampouco de sua administração. A empresa esclareceu que a operação realizada ontem se relaciona a processos anteriores à gestão. A companhia disse reconhecer parcialmente dívidas com o estado de Minas Gerais, com o qual estava em negociação.


A Ricardo Eletro foi assumida em 2018 pela Starboard, especializada na aquisição de ativos problemáticos, em meio à reorganização financeira da Máquina de Vendas, holding controladora da empresa e também da Insinuante. Na ocasião, a Máquina de Vendas acumulava dívidas de R$ 1,5 bilhão, que foram renegociadas nos últimos anos.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags