O clima de incerteza prevaleceu na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) ontem, apesar de o Índice Bovespa testar o patamar de 100 mil pontos pela primeira vez em quatro meses durante poucos minutos. O dólar, após abrir em queda e chegar a R$ 5,24, terminou o dia em baixa de 0,21%, cotado a R$ 5,338 para venda.
IBovespa começou em alta e rompeu a barreira de 100 mil pontos, mas não conseguiu se sustentar nesse patamar por cinco minutos. Depois de oscilar bastante ao longo do dia, o indicador encerrou o pregão em 99.210 pontos, com queda de 0,56%.
Declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sinalizando que pode não haver novos cortes na taxa básica de juros (Selic), devido à volta de pressões inflacionárias, com dados da atividade melhores do que o esperado, contribuíram para a queda da B3 logo após a abertura.
Em entrevista à Reuters, Campos Neto disse que a inflação “está um pouco acima das expectativas”. Hoje, sai o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial e a estimativa do mercado é de alta de 0,30%.
A ameaça de fundos internacionais de desistirem do Brasil, caso o governo não adote políticas claras para reduzir as queimadas na Amazônia também deixou o mercado tenso.
O cenário externo também não colaborou. Os Estados Unidos, superaram a marca de 3 milhões de contaminados pela covid-19. E o presidente Donald Trump foi obrigado pela Suprema Corte a apresentar demonstrações tributárias e financeiras para a procuradoria de Nova York.
“Ainda há muita incerteza por causa da covid-19. Os EUA continuam sendo o epicentro da pandemia”, destacou Erica Santos, analista do banco digital Modalmais. Para ela, o número de pedidos de seguro-desemprego nos EUA, apesar de terem caído, “continuam elevados”, como sinal de que a retomada será lenta.
Na avaliação de Erica Santos, não há certeza se a volta da B3 aos 100 mil pontos veio para ficar. “A economia está começando a reabrir e, se os casos de contágio continuarem crescendo em um ritmo forte, a bolsa não conseguirá se manter nesse patamar”, afirmou. “Os temores sobre uma segunda onda vão começar a ser incluídos no cálculo. Por enquanto, há muito otimismo, mas sabemos que a recuperação da economia vai ser lenta”, destacou.
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