Economia

Distanciamento social: mais de 1,3 milhão estavam afastadas do trabalho

Essa proporção caiu em relação à semana anterior (14,8%) e frente à primeira semana da pesquisa, de 3 a 9 de maio (19,8%)

Correio Braziliense
postado em 10/07/2020 11:34
Home officeApesar de o número de pessoas que procuraram os hospitais ter se mantido estável, mais 1,3 milhão que estavam afastadas do trabalho devido ao distanciamento social, com a flexibilização em algumas cidades, voltaram a trabalhar na terceira semana de junho (entre os dias 14 e 20), passando de 12,4 milhões para 11,1 milhões, na comparação com a semana anterior, o que representam 13,3% da população ocupada, apontou a Pnad Covid 19 semanal, uma versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa proporção caiu em relação à semana anterior (14,8%) e frente à primeira semana da pesquisa, de 3 a 9 de maio (19,8%).

Na semana de 14 a 20 de junho, a Pnad Covid19 estimou que 15,3 milhões de pessoas (ou 7,2% da população do país) apresentavam pelo menos um dos 12 sintomas de síndrome gripal (febre, tosse, dor de garganta, dificuldade para respirar, dor de cabeça, dor no peito, náusea, nariz entupido ou escorrendo, fadiga, dor nos olhos, perda de olfato ou paladar e dor muscular) que são investigados pela pesquisa. Esse contingente ficou estável frente à semana anterior (15,6 milhões ou 7,4% da população) e caiu em relação a de 3 a 9 de maio (26,8 milhões ou 12,7%).

A pesquisa aponta, ainda, que cerca de 3,1 milhões de pessoas (ou 20,1% daqueles que apresentaram algum sintoma) procuraram estabelecimento de saúde em busca de atendimento (postos de saúde, equipe de saúde da família, UPA, Pronto Socorro ou Hospital do SUS ou, ainda, ambulatório /consultório, pronto socorro ou hospital privado). Esse contingente ficou estável em relação à semana anterior (3 milhões ou 19,2%), mas teve queda em valores absolutos frente à semana de 3 a 9 de maio (3,7 milhões ou 13,7%). Mais de 85% destes atendimentos foram na rede pública de saúde.

Entre 14 e 20 de junho, 440 mil pessoas (14,3%) que tiveram sintomas de síndrome gripal procuraram atendimento em ambulatório ou consultório privado ou ligado às forças armadas. Essa proporção representa aumento tanto na comparação com a semana anterior (271 mil ou 9,1%), quanto em relação à primeira semana de maio (320 mil ou 8,7%).  Cerca de 976 mil pessoas procuraram atendimento em hospital, púbico, particular ou ligado às forças armadas na semana entre 14 e 20 de junho.

Esse contingente ficou estatisticamente estável em relação à semana anterior (900 mil) e, também, frente à semana de 3 a 9 de maio (1,1 milhão), aponta a pesquisa. Entre os que procuraram atendimento, 110 mil (11,3%) foram internados. Nesse caso, também houve estabilidade frente à semana anterior (110 mil ou 12,2%) e a semana de 3 a 9 de maio (97 mil ou 9,1%). Na primeira semana de maio, quando a pesquisa começou, 16,6 milhões estavam afastadas temporariamente do trabalho.

“No acompanhamento semanal da pesquisa, verificamos estabilidade na população ocupada (84 milhões) e desocupada (11,8 milhões), mas uma queda no grupo de pessoas ocupadas que não estava trabalhando na semana de referência devido à pandemia. Esse movimento se repete na terceira semana de junho em relação à segunda semana, indicando uma continuação do retorno dessas pessoas às suas atividades de trabalho”, afirma a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.
 
 

Ocupados


De acordo com a Pnad Covid 19, 84 milhões de pessoas faziam parte da população ocupada do país na semana de 14 a 20 de junho, com estabilidade em relação à semana anterior (83,5 milhões de pessoa) e em relação à semana de 3 a 9 de maio (83,9 milhões de pessoas). Entre esses, 8,7 milhões (ou 12,5% dos ocupados) estava em trabalho remoto, contingente que ficou estatisticamente estável em relação à semana anterior (8,5 milhões ou 12,5%) e, também, em relação à semana de 3 a 9 de maio (8,6 milhões ou 13,4%).

O nível de ocupação foi de 49,3%, permanecendo estável frente à semana anterior (49%) e em relação à semana de 3 a 9 de maio (49,4%). A proxy da taxa de informalidade caiu para 33,9%, tanto em relação à semana anterior (35%) quanto frente à semana de 3 a 9 de maio (35,7%). Maria Lúcia Vieira observa também que diminuiu o grupo de pessoas fora da força de trabalho que gostariam de trabalhar, mas que não procuraram ocupação por causa da pandemia ou por falta de vagas no local onde vivem, de 18,2 milhões na segunda semana de junho para 17,3 milhões na terceira semana.

Ou seja, com a flexibilização do distanciamento social, para 827 mil pessoas, a pandemia deixou de ser um empecilho à busca de trabalho. “Caiu a população fora da força de trabalho que gostaria de trabalhar (362 mil), mas aquela que tinha o distanciamento social como principal motivo para não procurar trabalho caiu ainda mais (827 mil)”, comentou a coordenadora da pesquisa. O total de pessoas fora da força, que não trabalham nem procuraram trabalho, também recuou de 76,2 milhões para 74,5 na primeira semana de maio, quando a pesquisa começou.

Na terceira semana de junho, o IBGE estima que 170,2 milhões pessoas estavam em idade para trabalhar, mas somente 84 milhões estavam ocupadas. Esse número permaneceu estatisticamente estável desde a primeira semana de maio, e mostra que menos da metade (49,3%) das pessoas estavam trabalhando na terceira semana de junho. Entre os ocupados, 8,7 milhões trabalharam de forma remota, o que representa 12,5% de não afastados do trabalho pela pandemia. Esse grupo segue estável desde a primeira semana de maio (8,5 milhões).

Já a taxa de trabalhadores na informalidade recuou para 33,9% na terceira semana de junho, atingindo 28,4 milhões de pessoas. No início de maio, eram 29,9 milhões. Entre os informais estão os empregados do setor privado sem carteira; trabalhadores domésticos sem carteira; empregadores que não contribuem para o INSS; trabalhadores por conta própria que não contribuem para o INSS; e trabalhadores não remunerados em ajuda a morador do domicílio ou parente.
 
 

Cresce procura por atendimento médico na rede privada 


A Pnad Covid19 mostra, ainda, que na terceira semana de maio houve aumentou no número de pessoas que procuraram atendimento médico na rede privada de saúde. Das 3,1 milhões que tiveram algum sintoma de síndrome gripal e buscaram atendimento no país, 440 mil pessoas (14,3%) estiveram em ambulatório ou consultório privado ou ligado às forças armadas no período. Na semana anterior, eram 271 mil pessoas.

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“Embora os estabelecimentos de saúde ligados ao SUS (Sistema Único de Saúde) ainda sejam os mais procurados pelas pessoas com algum sintoma (85%), observamos aumento no percentual dos que procuraram por atendimento privado. Isso pode sugerir que com a flexibilização houve uma mudança no perfil das pessoas que apresentam sintomas, especialmente em relação às condições econômicas”, comentou Maria Lúcia. 

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