Economia

OCDE pede inclusão social e respeito ao meio ambiente na América Latina

Esses alguns dos desafios da região no pós-pandemia, segundo o secretário-geral da OCDE, Ángel Gurría

Correio Braziliense
postado em 13/07/2020 12:13
Ángel GurríaAmpliar os programas sociais, promover a capacitação dos trabalhadores, melhorar o gasto público e incentivar o desenvolvimento econômico sustentável, que respeita o meio ambiente. Este é o desafio da América Latina e do Caribe no processo de recuperação econômica que se seguirá à pandemia do novo coronavírus, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A avaliação da OCDE sobre o cenário socioeconômico que a covid-19 impôs à região foi apresentada pelo secretário-geral da organização, Ángel Gurría, nesta segunda-feira (13/07). Gurría falou sobre o assunto na Cúpula
Ministerial sobre Inclusão Social da OCDE para a América Latina e o Caribe, que reuniu países como a Costa Rica, República Dominicana, Peru, Colômbia e Brasil. O Brasil foi representado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, no evento.

"Contem com a OCDE para ajudar a construir um mundo melhor, mais verde, mais inclusivo e mais sustentável", disse Gurría. O secretário-geral da OCDE afirmou que a crise econômica causada pandemia de covid-19 aprofundou a desigualdade social e o desemprego que já existia na América Latina e no Caribe. Por isso, vai exigir uma atuação coordenada dos países da região para ser superada. 

"Esse complexo panorama está afetando principalmente os lugares mais pobres e mais vulneráveis. A Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) estima que em 2020 a região sofrerá uma contração do PIB de 5,3% e um aumento do desemprego de 3,4 pontos percentuais. Isto implicaria em 28 milhões de latino-americanos a mais na pobreza e a 16 milhões de latino-americanos a mais na pobreza extrema. A região perderia avanços de duas décadas de progresso social", destacou o secretário-geral da OCDE.

Ele lembrou também que essa crise deve afetar, sobretudo, os mais vulnerávei, como os trabalhadores informais, os jovens, as mulheres e as micro, pequenas e médias empresas. Por isso, pediu uma revisão dos programas socioeconômicos da região no pós-pandemia. "A crise nos dá oportunidade de fazer reformas para um crescimento mais inclusivo. É preciso repensar o modelo atual que, durante décadas, criou a enorme desigualdade que há havia antes da covid-19", provocou.

Gurría elencou, então, os desafios da América Latina e do Caribe após a pandemia do novo coronavírus, na visão da OCDE. São eles: avançar em um sistema de proteção social mais sólido e universal, que cubra todos os trabalhadores mais vulneráveis, como os informais; avançar em uma melhor gestão do gasto público e em reformas dos sistemas tributários, para eliminar gastos ineficientes e tornar a arrecadação mais eficiente e transparente; promover a qualificação e o acesso dos trabalhadores ao mercado formal, inclusive com capacitações digitais que promovam a inclusão tecnológica; empoderar a cidadania, buscando a cooperação entre os diferentes setores da sociedade; e alinhar as políticas de estímulo econômico com as necessidades ambientais, de proteção da diversidade e do meio ambiente.

Apesar de não citar o Brasil, que tem sofrido críticas sobre a gestão ambiental e também sobre a política de enfrentamento ao novo coronavírus; Gurría ressaltou que cuidar do meio ambiente é "nossa maior responsabilidade intergeracional". E destacou também que todos esses desafios devem ser prioridade, mas não devem se sobrepor à necessidade de conter a disseminação do novo coronavírus. "Primeiro tem que combater o vírus. Saúde e economia não se contrapõem. É um falso dilema", frisou. Ele disse também que, como ainda não há remédios e vacinas eficazes contra a covid-19, é preciso permanecer vigilante e respeitar o distanciamento social. "Não temos outra opção".

Saiba Mais

O secretário-geral da OCDE, por outro lado, citou a Costa Rica como um bom exemplo de enfrentamento à crise causada pela covid-19 entre os trabalhadores mais vulneráveis. Ele disse que o país fez um programa efetivo de transferência individual de renda que ajuda os trabalhadores informais e os trabalhadores que perderam o emprego na pandemia. Porém, não citou o exemplo brasileiro do auxílio emergencial de R$ 600.

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