Correio Braziliense
postado em 14/07/2020 04:24
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou para um grupo de investidores que a diretoria da instituição está dividida sobre a condução da política monetária e a continuidade dos cortes de juros.
“O presidente do BC disse que tem dois grupos. Um deles é purista, que acha que, como a inflação está abaixo da meta, o BC tem que seguir a política de corte de juros. E outro, que é menos purista, acredita que é preciso tomar cuidado e esperar um pouco mais para continuar esse ciclo de cortes, porque, se a inflação reverter a queda, o custo poderá ser maior”, afirmou José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, que organizou, ontem, videoconferência fechada do ministro com representantes do mercado financeiro. Segundo ele, Campos Neto não disse de qual grupo faz parte.
A Selic (taxa básica de juros) está, atualmente, em 2,25% ao ano, o menor patamar da história. A conversa durou uma hora e Camargo contou que ela foi “muito positiva”. “O ministro demonstrou bastante otimismo em relação à retomada da economia. Os dados estão vindo melhores do que o esperado e ele disse que o Brasil já fez bastante no combate à pandemia”, disse. Ele acrescentou que o presidente do BC admitiu que “houve problemas” na questão da demora para a liberação do crédito para empresas, mas que isso “está sendo resolvido”.
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) está marcada para os dias 4 e 5 de agosto e, nos últimos encontros, a decisão para o corte da Selic foi unânime.
O chefe da autoridade monetária reconheceu que, com as medidas emergenciais que foram adotadas e que aumentaram os gastos, a maior preocupação do governo é com a questão fiscal e o cumprimento do teto de despesas em 2021, de acordo com Camargo. “Ele falou várias vezes que o fiscal faz toda a diferença é que o cumprimento do teto de gastos em 2021 é fundamental”, disse. O economista disse que Campos Neto evitou falar sobre aumento de carga tributária, mas defendeu a manutenção das reservas internacionais, sem dizer em que patamar. “O ministro falou que acha que é importante ter um volume substancial de reservas”, afirmou. (RH)
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